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"Somos uma potência nuclear sob as ordens dos EUA'
ENVIADA A LONDRES
As críticas de Fatima Bhutto extrapolam sua família e
seu país e respingam nos
EUA, sem os quais, diz, o Paquistão não estaria na atual
situação.
Folha - Há líderes novos para
o Paquistão?
Fatima Bhutto - Há muitos
líderes comunitários e ativistas notáveis. Mas porque o
Paquistão tem um sistema
tão centralizado, é muito difícil que eles saiam do nível
distrital e ganhem projeção.
Acho ridículo que um país de
180 milhões de pessoas tenha só três opções.
São milhões de dólares vindos de fora para apoiar só o
Partido do Povo Paquistanês,
o Partido da Liga Muçulmana e o Exército. Isso acaba
com a chance de democracia.
O mundo levou tempo demais para prestar atenção no
Paquistão?
Quem procurasse podia
até ver que havia um problema, mas as pessoas no poder
tentavam torná-lo invisível.
Depois do 11 de Setembro,
o país era conduzido por um
ditador [Pervez Musharraf]
aliado dos EUA. Ninguém parecia se importar com isso.
Nos anos após o 11 de Setembro, cerca de 10 mil pessoas desapareceram. Mas isso não era problema para os
aliados de Musharraf. Depois
que ficou embaraçoso demais manter essa ditadura,
resolveram mudar sua cara.
Zardari, o presidente, não
tem apoio popular como sua
tia tinha, certo?
Quem precisa de apoio popular se tem os EUA? Infelizmente somos uma potência
nuclear que recebe ordens de
uma potência estrangeira.
Hillary Clinton veio ao Paquistão há alguns meses, e
disse na TV: "Nossa, a mídia
paquistanesa é tão livre".
No ano passado, uma lei
de censura foi aprovada. Os
jornais críticos perdem
anunciantes. E, se Hillary
vem aqui e diz isso, todo
mundo vai achar que está ok.
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