São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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"Somos uma potência nuclear sob as ordens dos EUA'

ENVIADA A LONDRES

As críticas de Fatima Bhutto extrapolam sua família e seu país e respingam nos EUA, sem os quais, diz, o Paquistão não estaria na atual situação.

Folha - Há líderes novos para o Paquistão?
Fatima Bhutto
- Há muitos líderes comunitários e ativistas notáveis. Mas porque o Paquistão tem um sistema tão centralizado, é muito difícil que eles saiam do nível distrital e ganhem projeção.
Acho ridículo que um país de 180 milhões de pessoas tenha só três opções.
São milhões de dólares vindos de fora para apoiar só o Partido do Povo Paquistanês, o Partido da Liga Muçulmana e o Exército. Isso acaba com a chance de democracia.

O mundo levou tempo demais para prestar atenção no Paquistão?
Quem procurasse podia até ver que havia um problema, mas as pessoas no poder tentavam torná-lo invisível.
Depois do 11 de Setembro, o país era conduzido por um ditador [Pervez Musharraf] aliado dos EUA. Ninguém parecia se importar com isso.
Nos anos após o 11 de Setembro, cerca de 10 mil pessoas desapareceram. Mas isso não era problema para os aliados de Musharraf. Depois que ficou embaraçoso demais manter essa ditadura, resolveram mudar sua cara.

Zardari, o presidente, não tem apoio popular como sua tia tinha, certo?
Quem precisa de apoio popular se tem os EUA? Infelizmente somos uma potência nuclear que recebe ordens de uma potência estrangeira.
Hillary Clinton veio ao Paquistão há alguns meses, e disse na TV: "Nossa, a mídia paquistanesa é tão livre".
No ano passado, uma lei de censura foi aprovada. Os jornais críticos perdem anunciantes. E, se Hillary vem aqui e diz isso, todo mundo vai achar que está ok.


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