São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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Socialistas sofrem derrota histórica em eleições na Espanha

Crise faz partido de Zapatero perder votação em vários Estados

Premiê nega antecipar pleito nacional, que está previsto para 2012; em Madri, manifestantes continuam acampados

Emilio Morenatti/Associated Press
Manifestantes acampados na Porta do Sol, principal praça madrilenha

LUISA BELCHIOR
DE MADRI

Em meio a manifestações de dimensões inéditas, a Espanha renovou ontem suas prefeituras e comunidades autônomas em eleições marcadas pela derrota política do premiê José Luis Rodríguez Zapatero. O partido socialista, de Zapatero, sofreu sua pior derrota nas urnas e foi atropelado pela principal oposição, o Partido Popular.
Em uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais de 2012, o PP abocanhou 11 das 13 comunidades autônomas -espécie de Estados- que participavam destas eleições, inclusive a da capital, Madri. Nas prefeituras, só não foram maioria em quatro comunidades.
No total, o PP obteve 37,5% dos votos, ante 27,8% dos socialistas, que perderam feudos eleitorais como Barcelona -a cidade, que governaram nos últimos 32 anos, passará ao partido catalão Convergência e União.
Os resultados causaram terremoto político no país, onde as eleições locais têm importância quase similar à da presidencial. Comunidades autônomas e prefeituras têm muito poder de decisão e alto grau de autonomia em relação ao governo central.
Na prática, Zapatero perde poder em quase todo o país no último ano de governo -ele já anunciara que não vai concorrer nas próximas eleições. Ontem, o premiê avaliou "positivamente" o pleito, apesar do fracasso do PSOE, e disse que não convocará eleições antecipadas.
Zapatero relacionou os resultados da eleição, com comparecimento de quase 60%, à crise econômica que assola o país desde 2008. "Os eleitos começarão uma gestão em tempos difíceis."

MILHARES ACAMPADOS
A derrota socialista veio a reboque do forte descontentamento popular com o governo, que culminou numa série de manifestações sem precedentes na reabertura democrática da Espanha.
Há uma semana, milhares de pessoas acampam na Porta do Sol -principal praça de Madri, onde os manifestantes decidiram ficar até o próximo domingo- e em outras cidades. "Cada um tem seus motivos para vir aqui, mas todos estão descontentes com o governo", disse o humorista Sergio de Miguel, 31.
A poucos metros dali, milhares se reuniram em frente à sede do PP para celebrar o desempenho da direita. "Hoje é um dia histórico", celebrou José Mariano Rajoy, líder da sigla, derrotado por Zapatero na última eleição.
Antes das manifestações, os espanhóis ainda estavam digerindo a legalização do Bildu, coalizão de partidos acusados de ligação com o grupo terrorista basco ETA. Ontem, o Bildu surpreendeu e levou as prefeituras mais importantes do País Basco.
"Não há dúvida de que esses resultados chacoalharam a cena política da Espanha. Muita coisa vai mudar daqui para a frente", disse o analista político Jorge García.


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