São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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DESASTRE

Tremor de 6,3 graus na escala Richter abala cerca de 60 vilarejos e desabriga 12 mil pessoas no norte do país

Terremoto mata 500 e fere 1600 no Irã

Associated Press
Iraniano chora e consola sua mulher após tremor, em Abdareh


DA REDAÇÃO

Um forte terremoto no norte do Irã matou ontem pelo menos 500 pessoas e feriu mais de 1.600. O tremor, sentido às 7h30 (0h, no horário de Brasília), atingiu 6,3 graus na escala Richter.
O número de vítimas deve aumentar, já que muitos iranianos ficaram presos sob os escombros de casas destruídas. Entre os mortos há muitas mulheres, crianças e idosos, já que no horário do terremoto os homens e jovens trabalhavam nas plantações. Ao menos 12 mil pessoas perderam as suas casas.
Helicópteros e equipes de resgate foram enviados à região montanhosa de Qazvim, cerca de 250 km a oeste da capital, Teerã, epicentro do terremoto.
Segundo a agência de notícias oficial iraniana Irna, cerca de 60 vilarejos ao redor da cidade de Avaj (3.600 habitantes) ficaram devastados. Pelo menos metade de seus edifícios ruíram.
O presidente Mohammad Khatami enviou uma mensagem de condolências. Ele pediu ao ministro do Interior, Abdolvahed Mousavi-Lari, que se encarregasse dos esforços de resgate e ajuda à população.
O hospital de Avaj não tinha condições de atender tantos feridos. "Temos cem leitos no hospital, mas continuam trazendo mais pessoas a cada minuto. Não podemos dar mais conta", disse uma autoridade local.
Moradores de Esmailabad, 10 km ao norte de Avaj, já haviam resgatado 38 corpos -cerca de um nono dos habitantes do vilarejo- e continuavam removendo destroços em busca de sobreviventes.

Órfão
Mohsen, 12, perdeu toda a sua família -suas três irmãs, um irmão, pai, mãe e avó morreram soterrados. Ele sobreviveu porque havia saído para ir à escola. Mudo e tremendo, ele observava o que restou de sua casa.
Perto dele, um homem chorava e jogava terra sobre a própria cabeça. "Perdi todo mundo", lamentava. Empoeiradas, mulheres andavam para um lado e para outro, gritando.
Um clérigo muçulmano lia orações para os mortos, cujos corpos haviam sido enfileirados numa praça central do vilarejo, antes que seus familiares os enterrassem perto de uma colina.
A maior parte das casas dessa região é construída com tijolos de barro. Segundo os especialistas, essas edificações são pouco resistentes a terremotos.
"Em geral, com esse tipo de construção nós perdemos muita gente", afirmou o professor Fariborz Nateghi, conselheiro do governo para engenharia de prevenção a terremotos. "Você perde as paredes, e os tetos desabam...Elas [as casas" matam muito."
Um médico de Qazvin disse que 206 mortos foram levados a um hospital da cidade, e outros 170 corpos chegaram a outro. O diretor do Crescente Vermelho Majid Shalviri confirmou à Irna que mais de 500 pessoas morreram.
Na estradas que ligam Qazvin ao vilarejos da região, ambulâncias transportavam dezenas de feridos.
O Irã é localizado sobre falhas geológicas e, por essa razão, tem terremotos com frequência. Em maio de 1997, um tremor de 7,1 graus na escala Richter matou 1.560 pessoas numa zona rural perto da fronteira com o Afeganistão.
O pior terremoto das últimas décadas no Irã aconteceu em 1990 em Rudbar, deixando 40 mil mortos e mais de 100 mil feridos.
Como Teerã, Qazvin está situada à base da cadeia de montanhas Alborz, que acompanha a costa sul do mar Cáspio. Os tremores não são tão frequentes nessa porção do país, dizem os especialistas. Isso significa, porém, que a pressão se acumula nas falhas geológicas, resultando em terremotos mais devastadores.
O tremor de ontem pode ser sentido em Teerã, e chegou a causar alguns danos materiais. Algumas pessoas correram para as ruas, assustadas, mas ninguém morreu na capital.


Com agências internacionais

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