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Críticas de general abrem crise nos EUA
Comandante das forças americanas no Afeganistão é chamado a se explicar na Casa Branca por reportagem
Militar e assessores fizeram comentários negativos sobre Obama e auxiliares próximos à revista "Rolling Stone"
Kevin Lamarque/Reuters
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Stanley McChrystal
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Stanley McChrystal, general que comanda as forças
dos EUA no Afeganistão, foi
chamado a Washington ontem após ele e sua equipe
lançarem insultos que vão de
"intimidado" a "palhaço" ao
presidente Barack Obama e a
altos membros do governo.
Os comentários foram feitos a um repórter da revista
"Rolling Stone" que passou
meses com a equipe de
McChrystal. O texto causou
furor imediato ao ser publicado no site da revista e circular em Washington. Segundo a mídia local, o general pôs o cargo à disposição.
O episódio mancha a imagem do esforço americano
em um momento particularmente difícil da guerra no
Afeganistão.
O número de soldados
americanos mortos desde
2001 passou recentemente
de mil. Uma operação classificada como crítica (a tomada
de Candahar) foi adiada. E há
rumores de que a retirada
das tropas, marcada para começar em um ano, pode ser
mais lenta do que o previsto.
Na reportagem, o vice-presidente Joe Biden é alvo de
um dos comentários mais
ofensivos. Um assessor faz
um trocadilho chamando-o
de ""Bite Me [algo como "não
enche']". McChrystal ri.
O grupo também diz que o
general Jim Jones, assessor
de Segurança Nacional, "é
um palhaço preso em 1985",
e o general afirma que não
quer nem ver e-mails de Richard Holbrooke, enviado da
Casa Branca para Afeganistão e Paquistão.
Obama, que segundo fontes foi descrito por
McChrystal como despreparado, "desconfortável e intimidado", ficou furioso, mas
ainda não decidiu se aceitará
a renúncia do general.
"Todas as opções estão na
mesa", disse o porta-voz da
Casa Branca, Robert Gibbs.
HISTÓRICO
Não é a primeira vez que
McChrystal é convocado para se explicar ao presidente.
Ele já foi repreendido após
dizer que a visão de Biden para o Afeganistão transformaria o país no "Caosistão".
Obama terá dois encontros
com McChrystal hoje, um deles em particular. Mas o presidente disse que "qualquer
decisão será determinada inteiramente" por questões estratégicas. "Nosso foco está
no sucesso da guerra."
O secretário da Defesa, Robert Gates, disse em nota que
McChrystal cometeu "um erro significativo" e que as tropas não precisam "desse tipo
de distração".
Além dos insultos aos líderes políticos, a reportagem
da "Rolling Stone" apresenta
também uma visão pessimista sobre a situação no Afeganistão, considerada a "guerra de Obama" -pouco após
assumir, o presidente deslocou do Iraque para o país o
principal eixo das preocupações militares americanas.
Há várias críticas à estratégia de contrainsurgência de
McChrystal.
A estratégia exige alto número de soldados, não só para derrotar o inimigo, mas
para viver entre a população
e reconstruir um governo viável. Na prática, há uma expansão do papel das Forças
Armadas a áreas tradicionalmente da diplomacia, Num
esforço de prazo indefinido.
O analista Robert Dreyfuss
diz que está mais do que na
hora de o general ser demitido. À Folha ele disse: "Não é
que ele seja incompetente, é
que sua estratégia é insana".
Outros comentaristas dizem que não há boa saída.
"Obama pode demitir
McChrystal e dar a impressão
de que perdeu o controle da
guerra, ou mantê-lo e dar a
impressão de que perdeu o
controle de seus generais",
disse o apresentador da
MSNBC Chris Matthews.
Um dos poucos a defender
o general foi o controverso
presidente afegão Hamid
Karzai, que disse que ele "é o
melhor comandante que os
EUA enviaram [ao país]".
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