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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Tanques israelenses entram no Líbano
Incursão é limitada, segundo Exército, e visa fazer Hizbollah recuar 20 km da fronteira; soldados tomam aldeia xiita
Pontos da infra-estrutura de comunicação libanesa no norte e leste são destruídos; Hizbollah segue disparando foguetes contra Israel
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA
FRONTEIRA ISRAEL-LÍBANO
Tanques e escavadeiras blindadas de Israel entraram ontem no sul do Líbano, e soldados assumiram posições em
uma aldeia xiita antes dominada pela organização xiita Hizbollah. Há combates em pelo
menos outras três aldeias da região da fronteira e até 7 km
dentro de território libanês.
Milhares de soldados e blindados estão posicionados no
norte da Galiléia, ao longo da
fronteira com o Líbano, para
participar das operações, que
segundo o governo israelense
serão "limitadas" e "não visam
reocupar o sul libanês". A tática
é entrar com forças reduzidas,
com apoio de engenharia e artilharia, para encontrar armas do
Hizbollah e forçar os guerrilheiros a recuar para além do
rio Litani, a pelo menos 20 quilômetros da fronteira.
Os soldados entraram na aldeia de Marou al Ras no início
da manhã de ontem, depois de
dois dias de combate com
membros do Hizbollah em que
seis militares israelenses foram
mortos e após uma noite de
bombardeios pesados. Aviões
de Israel usaram uma bomba
de meia tonelada de explosivos
contra a rede de túneis fortificados usada pelo grupo xiita.
Segundo fontes militares, a
aldeia é estratégica, pois tem visão para a fronteira. O Exército
afirma ter atingido mais de 150
alvos do Hizobollah e encontrado munição, fuzis e mísseis
do grupo em outra aldeia.
No leste e no norte do Líbano, aviões israelenses bombardearam duas torres de comunicação, interrompendo serviços
de TV e telefonia celular. Os
ataques foram nas montanhas
de Kesrwan, a leste de Beirute,
e Terbol, no norte. A principal
emissora de TV do país, Lebanese Broadcasting Corporation
(LBC), teve suas transmissões
parcialmente suspensas.
Logo após o ataque, a LBC
colocou no ar imagens da torre
da emissora no norte exalando
uma coluna de fumaça. Um
funcionário foi morto no bombardeio, informou a emissora.
Na quarta-feira o premiê do
Líbano, Fouad Siniora, disse
que os mortos na ofensiva de
Israel -iniciada no último dia
12 em retaliação ao seqüestro
de dois de seus soldados pelo
grupo xiita- haviam chegado a
330, mas alguns veículos internacionais estão usando o número de 263 baixas. O Hizbollah já matou 36 israelenses,
entre eles 17 civis e 19 soldados.
Nos últimos dias, Israel vem
mandando mensagens por rádio e panfletos para cerca de
300 mil pessoas deixarem o sul
do Líbano, afirmando que atacará alvos do Hizbollah mesmo
se houver risco de atingir civis.
No entanto milhares não conseguem sair porque as estradas
foram danificadas pelos bombardeios israelenses.
Ataques a Israel
O Hizbollah disparou ontem
mais de cem foguetes Katyusha
contra o norte de Israel, incluindo seis em Haifa, a terceira maior cidade do país. Ao menos 16 pessoas foram feridas, e
as bombas causaram danos a
casas e incêndios florestais na
Galiléia e nas colinas de Golã. A
cidade de Naharia foi atingida,
registrando um ferido grave e
carros incendiados.
A secretária de Estado dos
EUA, Condoleezza Rice, deve
viajar hoje à região. O presidente George W. Bush disse ontem
que o foco é traçar uma estratégia de confronto ao Hizbollah e
àqueles que o apóiam na Síria e
no Irã. Na sexta, Rice descartou
pedir um cessar-fogo a Israel.
Ontem, o jornal "The New
York Times" noticiou que Washington tenta acelerar a entrega de bombas de precisão compradas por Israel em 2005, o
que pode ser um indício de uma
longa operação.
O secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, alertou para o risco de ocorrer um desastre humanitário no Líbano caso Israel siga com a ofensiva.
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