São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Tanques israelenses entram no Líbano

Incursão é limitada, segundo Exército, e visa fazer Hizbollah recuar 20 km da fronteira; soldados tomam aldeia xiita

Pontos da infra-estrutura de comunicação libanesa no norte e leste são destruídos; Hizbollah segue disparando foguetes contra Israel

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA FRONTEIRA ISRAEL-LÍBANO

Tanques e escavadeiras blindadas de Israel entraram ontem no sul do Líbano, e soldados assumiram posições em uma aldeia xiita antes dominada pela organização xiita Hizbollah. Há combates em pelo menos outras três aldeias da região da fronteira e até 7 km dentro de território libanês.
Milhares de soldados e blindados estão posicionados no norte da Galiléia, ao longo da fronteira com o Líbano, para participar das operações, que segundo o governo israelense serão "limitadas" e "não visam reocupar o sul libanês". A tática é entrar com forças reduzidas, com apoio de engenharia e artilharia, para encontrar armas do Hizbollah e forçar os guerrilheiros a recuar para além do rio Litani, a pelo menos 20 quilômetros da fronteira.
Os soldados entraram na aldeia de Marou al Ras no início da manhã de ontem, depois de dois dias de combate com membros do Hizbollah em que seis militares israelenses foram mortos e após uma noite de bombardeios pesados. Aviões de Israel usaram uma bomba de meia tonelada de explosivos contra a rede de túneis fortificados usada pelo grupo xiita.
Segundo fontes militares, a aldeia é estratégica, pois tem visão para a fronteira. O Exército afirma ter atingido mais de 150 alvos do Hizobollah e encontrado munição, fuzis e mísseis do grupo em outra aldeia.
No leste e no norte do Líbano, aviões israelenses bombardearam duas torres de comunicação, interrompendo serviços de TV e telefonia celular. Os ataques foram nas montanhas de Kesrwan, a leste de Beirute, e Terbol, no norte. A principal emissora de TV do país, Lebanese Broadcasting Corporation (LBC), teve suas transmissões parcialmente suspensas.
Logo após o ataque, a LBC colocou no ar imagens da torre da emissora no norte exalando uma coluna de fumaça. Um funcionário foi morto no bombardeio, informou a emissora.
Na quarta-feira o premiê do Líbano, Fouad Siniora, disse que os mortos na ofensiva de Israel -iniciada no último dia 12 em retaliação ao seqüestro de dois de seus soldados pelo grupo xiita- haviam chegado a 330, mas alguns veículos internacionais estão usando o número de 263 baixas. O Hizbollah já matou 36 israelenses, entre eles 17 civis e 19 soldados.
Nos últimos dias, Israel vem mandando mensagens por rádio e panfletos para cerca de 300 mil pessoas deixarem o sul do Líbano, afirmando que atacará alvos do Hizbollah mesmo se houver risco de atingir civis. No entanto milhares não conseguem sair porque as estradas foram danificadas pelos bombardeios israelenses.

Ataques a Israel
O Hizbollah disparou ontem mais de cem foguetes Katyusha contra o norte de Israel, incluindo seis em Haifa, a terceira maior cidade do país. Ao menos 16 pessoas foram feridas, e as bombas causaram danos a casas e incêndios florestais na Galiléia e nas colinas de Golã. A cidade de Naharia foi atingida, registrando um ferido grave e carros incendiados.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, deve viajar hoje à região. O presidente George W. Bush disse ontem que o foco é traçar uma estratégia de confronto ao Hizbollah e àqueles que o apóiam na Síria e no Irã. Na sexta, Rice descartou pedir um cessar-fogo a Israel.
Ontem, o jornal "The New York Times" noticiou que Washington tenta acelerar a entrega de bombas de precisão compradas por Israel em 2005, o que pode ser um indício de uma longa operação.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, alertou para o risco de ocorrer um desastre humanitário no Líbano caso Israel siga com a ofensiva.

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