São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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Navio canadense retira hoje 50 brasileiros; governo negocia vôo direto de Damasco

DO ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Será feita hoje a primeira retirada de brasileiros do Líbano por mar. O governo canadense ofereceu 50 lugares em uma embarcação que partirá nesta noite em direção à Turquia. Segundo o cônsul-geral do Brasil em Beirute, Michael Gepp, o "número um"" da lista é um cidadão brasileiro nascido no Líbano que teve a entrada negada na Síria ao tentar sair com sua família, na semana passada, devido a "restrições políticas" das autoridades de Damasco. A família passou, ele não.
Apesar da abertura de um corredor humanitário marítimo concedida por Israel, o medo de ataques ainda afeta a retirada de cidadãos estrangeiros pelo porto de Beirute. Ontem a embarcação do Canadá deixou 200 passageiros no terminal porque o capitão ouviu rumores de que o local seria bombardeado e saiu antes da hora.
O governo brasileiro negocia com as empresas aéreas nacionais, por meio da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o uso de aeronaves comerciais para trazer brasileiros que moram no Líbano. A idéia é levá-los a Damasco, de onde embarcarão para São Paulo.
O embaixador Everton Vargas, que coordena pelo ministério o grupo de apoio aos brasileiros, disse que espera anunciar um acordo amanhã.
Uma das dificuldades é que, no caso das empresas aéreas que tem frota por sistema de leasing, a negociação também envolve donos das aeronaves e companhias seguradoras.
Indagado sobre quem arcará com as despesas dos vôos, ele afirmou que a negociação está em curso, mas sugeriu que o ônus poderá ser das empresas. "Estamos em operação humanitária que não é só do governo. A sociedade brasileira está engajada. Temos de buscar fórmulas de solidariedade."
Ontem, mais três ônibus, com 137 passageiros, partiram da capital libanesa levando brasileiros até Adana, na Turquia, de onde devem partir quatro vôos a partir de hoje levando 480 pessoas de volta ao Brasil.

Rusgas diplomáticas
O conflito na região também está provocando dificuldades diplomáticas entre Brasil e Israel. Foram congeladas as negociações de pelo menos dois eventos entre os países: a assinatura de acordos comerciais entre Israel e o Mercosul e uma possível visita do presidente Moshe Katsav a Brasília.
Brasil e Israel viveram uma situação de "desconforto diplomático" em 2004, quando Brasília organizou um congresso com países árabes que terminou com declarações políticas duras contra os israelenses. Uma série de visitas mútuas em nível ministerial vinha ajudando a melhorar as relações.
Mas o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Sérgio Moreira Lima, afirma que as autoridades israelenses cooperam para que brasileiros em fuga do sul do Líbano não sejam atingidos.
"Estamos passando para Israel, através de cooperação com a embaixada em Beirute, todas as informações possíveis sobre os brasileiros que saem daquela região", disse Lima.
Por enquanto, afirmou o embaixador, não há orientação para os cerca de 10 mil brasileiros que vivem em Israel, a não ser seguir instruções das autoridades locais. (MN, MG e SF)


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