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Navio canadense retira hoje 50 brasileiros; governo negocia vôo direto de Damasco
DO ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Será feita hoje a primeira retirada de brasileiros do Líbano
por mar. O governo canadense
ofereceu 50 lugares em uma
embarcação que partirá nesta
noite em direção à Turquia. Segundo o cônsul-geral do Brasil
em Beirute, Michael Gepp, o
"número um"" da lista é um cidadão brasileiro nascido no Líbano que teve a entrada negada
na Síria ao tentar sair com sua
família, na semana passada, devido a "restrições políticas" das
autoridades de Damasco. A família passou, ele não.
Apesar da abertura de um
corredor humanitário marítimo concedida por Israel, o medo de ataques ainda afeta a retirada de cidadãos estrangeiros
pelo porto de Beirute. Ontem a
embarcação do Canadá deixou
200 passageiros no terminal
porque o capitão ouviu rumores de que o local seria bombardeado e saiu antes da hora.
O governo brasileiro negocia
com as empresas aéreas nacionais, por meio da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
o uso de aeronaves comerciais
para trazer brasileiros que moram no Líbano. A idéia é levá-los a Damasco, de onde embarcarão para São Paulo.
O embaixador Everton Vargas, que coordena pelo ministério o grupo de apoio aos brasileiros, disse que espera anunciar um acordo amanhã.
Uma das dificuldades é que,
no caso das empresas aéreas
que tem frota por sistema de
leasing, a negociação também
envolve donos das aeronaves e
companhias seguradoras.
Indagado sobre quem arcará
com as despesas dos vôos, ele
afirmou que a negociação está
em curso, mas sugeriu que o
ônus poderá ser das empresas.
"Estamos em operação humanitária que não é só do governo.
A sociedade brasileira está engajada. Temos de buscar fórmulas de solidariedade."
Ontem, mais três ônibus,
com 137 passageiros, partiram
da capital libanesa levando brasileiros até Adana, na Turquia,
de onde devem partir quatro
vôos a partir de hoje levando
480 pessoas de volta ao Brasil.
Rusgas diplomáticas
O conflito na região também
está provocando dificuldades
diplomáticas entre Brasil e Israel. Foram congeladas as negociações de pelo menos dois
eventos entre os países: a assinatura de acordos comerciais
entre Israel e o Mercosul e uma
possível visita do presidente
Moshe Katsav a Brasília.
Brasil e Israel viveram uma
situação de "desconforto diplomático" em 2004, quando Brasília organizou um congresso
com países árabes que terminou com declarações políticas
duras contra os israelenses.
Uma série de visitas mútuas em
nível ministerial vinha ajudando a melhorar as relações.
Mas o embaixador do Brasil
em Tel Aviv, Sérgio Moreira Lima, afirma que as autoridades
israelenses cooperam para que
brasileiros em fuga do sul do Líbano não sejam atingidos.
"Estamos passando para Israel, através de cooperação
com a embaixada em Beirute,
todas as informações possíveis
sobre os brasileiros que saem
daquela região", disse Lima.
Por enquanto, afirmou o embaixador, não há orientação para os cerca de 10 mil brasileiros
que vivem em Israel, a não ser
seguir instruções das autoridades locais.
(MN, MG e SF)
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