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Entrevista sobre seis meses no cargo põe Obama na defensiva
Em meio à queda de popularidade do presidente, reforma de sistema de saúde domina pauta dos questionamentos
Democrata critica ação da polícia em caso de prisão
de intelectual negro da Universidade Harvard, anteontem em Cambridge
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Seis meses após a posse e em
meio à maior queda de popularidade até agora, alavancada
por sua proposta de reforma
para o sistema de saúde pública
dos EUA, o presidente Barack
Obama passou sua quinta entrevista coletiva, ontem, em
Washington, na defensiva.
Defendeu seu plano para o
setor, que deve custar US$ 1 trilhão em dez anos, dos quais
50% serão pagos com aumento
de impostos sobre o 1% mais rico do país. Defendeu seus gastos em geral, dizendo que, ao
assumir, herdou um déficit público de US$ 1,3 trilhão de seu
antecessor, o republicano
George W. Bush (2001-2009).
"É por isso que eu disse que
ao mesmo tempo em que resgatamos a economia de uma crise
completa e severa, temos de reconstruí-la mais forte do que
antes. E a reforma da saúde pública é central para isso."
Por fim, cobrado sobre a falta
de transparência de alguns de
seus atos até agora, disse que
cumpria as promessas de campanha e comprometeu-se a divulgar uma lista dos executivos
de empresas de saúde privada
que recebera na Casa Branca.
Seus assessores chegaram
mesmo a fazer uma manobra
para defender a audiência do
evento exibido em rede nacional, adiantando-o em uma hora, para que não coincidisse
com um especial sobre a cantora-revelação britânica Susan
Boyle, pela emissora NBC.
O relativo desinteresse em
torno daquele que é considerado o primeiro presidente-celebridade em anos era marcado
ainda pelo número de cadeiras
vazias no Salão Leste da Casa
Branca, a primeira vez em que
há mais lugares que pedidos de
jornalistas desde janeiro.
Mas o democrata também
atacou. Atacou a oposição republicana, que tenta fazer da
derrota da reforma de saúde
obamista a primeira vitória de
um partido que luta para se recompor. Um dos senadores,
Jim DeMint, disse que se a lei
não passar será o Waterloo de
Obama, referindo-se à batalha
que marcou o fim do império
bonapartista, em 1815.
Racismo
Na única questão que não
tratou de gastos ou planos, ele
foi instado a opinar sobre a prisão do acadêmico negro Henry
Louis Gates Jr. na porta de sua
casa, no campus de Harvard,
em Cambridge, Massachusetts,
sob acusação, depois suspensa,
de conduta desordeira.
Gates, um dos mais conhecidos estudiosos de relações raciais do país, voltava de uma
viagem à Ásia e tentava abrir a
porta de sua própria casa,
quando foi abordado pela polícia, que respondia a uma denúncia de uma vizinha de que
dois homens negros pareciam
arrombar uma residência.
Identificou-se, provou que
era o proprietário e pediu a
identificação do policial, que se
recusou a dar e o levou preso.
"A polícia agiu estupidamente",
disse Obama, chamado o primeiro presidente pós-racial do
país. "Sabemos que há uma longa história de afroamericanos e
latinos parados pela polícia
desproporcionalmente." Por
fim, brincou sobre o que aconteceria se tentasse forçar a entrada de sua casa: "Esta [a Casa
Branca] é minha casa agora, então acho que levaria um tiro".
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