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Venezuela rompe relação com Colômbia
Decisão ocorre momentos após Bogotá acusar Caracas na OEA, em Washington, de abrigar guerrilheiros das Farc
Evidências são fotos aéreas e vídeos; governo de Hugo Chávez ironiza provas e convoca órgão máximo da Defesa
Miguel Gutierrez/France Presse
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Venezuelanos assistem, em Caracas, à sessão da OEA em que Bogotá disse ter prova da presença de guerrilheiros no país
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À COLÔMBIA
A Venezuela anunciou ontem o rompimento de relações diplomáticas com a Colômbia, pouco após Bogotá
apresentar na Organização
dos Estados Americanos, em
Washington, supostas provas da acolhida a guerrilhas
colombianas no país vizinho.
Caracas fechou a sua embaixada na capital da Colômbia e deu 72 horas para que o
embaixador colombiano deixe o país. O Executivo convocou uma reunião de emergência do Conselho de Defesa Nacional da Venezuela para estudar o caso.
O presidente Hugo Chávez
acusou o colombiano Álvaro
Uribe de tentar provocar uma
guerra entre os vizinhos, com
histórico de crises recentes.
As supostas evidências
são fotografias, vídeos e fotos
aéreas com identificações de
coordenadas feitas pelos colombianos para indicar locais onde creem haver acampamentos das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia) e do ELN (Exército
de Libertação Nacional) em
solo venezuelano.
Há cinco acampamentos
-quatro das Farc e um do
ELN- cujas coordenadas foram, segundo a Colômbia,
confirmadas por grupos desmobilizados e por GPS. O governo crê haver atualmente
de 20 a 39 acampamentos na
Venezuela -ao longo dos
anos, 87 já foram montados.
Bogotá diz que os grupos
planejam ataques contra a
Colômbia sem que Caracas
aja para coibi-los e que 1.500
guerrilheiros estão abrigados
na Venezuela. A Colômbia
pediu que a OEA lidere, em
até 30 dias, uma missão para
comprovar sua existência.
A sessão emergencial fora
pedida por Bogotá. "Mostramos essas provas várias vezes a Caracas, e como resposta recebemos insultos", disse
o embaixador colombiano,
Luis Alfonso Hoyos.
O representante da Venezuela, Roy Chaderton, foi irônico: "Conta outra". Ele disse
que as imagens eram questionáveis e as coordenadas,
conhecidas e descartadas.
Durante a noite, a Colômbia
divulgou mais fotos.
"DIGNIDADE"
Enquanto corria a sessão
na OEA, Chávez anunciava
em Caracas o rompimento
das já congeladas relações e
ordenava um alerta na fronteira com a Colômbia, alegando risco de agressão.
Disse que a decisão foi tomada por "dignidade".
Minutos depois do anúncio em Caracas, o embaixador da Venezuela na OEA pediu a palavra para comunicar
a ruptura. "Foi uma provocação. Mas em algumas provocações temos de cair mesmo", disse à imprensa.
Autoridades presentes
manifestaram ceticismo
quanto às provas. "Não se
sustentariam num tribunal",
disse um diplomata. O embaixador do Brasil na OEA,
Ruy Casaes, pediu diálogo:
"A América do Sul é uma região de paz e é fundamental
manter essa característica".
A jornalista FLÁVIA MARREIRO viajou a
convite do governo da Colômbia
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