São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2010

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Venezuela rompe relação com Colômbia

Decisão ocorre momentos após Bogotá acusar Caracas na OEA, em Washington, de abrigar guerrilheiros das Farc

Evidências são fotos aéreas e vídeos; governo de Hugo Chávez ironiza provas e convoca órgão máximo da Defesa

Miguel Gutierrez/France Presse
Venezuelanos assistem, em Caracas, à sessão da OEA em que Bogotá disse ter prova da presença de guerrilheiros no país

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À COLÔMBIA

A Venezuela anunciou ontem o rompimento de relações diplomáticas com a Colômbia, pouco após Bogotá apresentar na Organização dos Estados Americanos, em Washington, supostas provas da acolhida a guerrilhas colombianas no país vizinho.
Caracas fechou a sua embaixada na capital da Colômbia e deu 72 horas para que o embaixador colombiano deixe o país. O Executivo convocou uma reunião de emergência do Conselho de Defesa Nacional da Venezuela para estudar o caso.
O presidente Hugo Chávez acusou o colombiano Álvaro Uribe de tentar provocar uma guerra entre os vizinhos, com histórico de crises recentes.
As supostas evidências são fotografias, vídeos e fotos aéreas com identificações de coordenadas feitas pelos colombianos para indicar locais onde creem haver acampamentos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional) em solo venezuelano.
Há cinco acampamentos -quatro das Farc e um do ELN- cujas coordenadas foram, segundo a Colômbia, confirmadas por grupos desmobilizados e por GPS. O governo crê haver atualmente de 20 a 39 acampamentos na Venezuela -ao longo dos anos, 87 já foram montados.
Bogotá diz que os grupos planejam ataques contra a Colômbia sem que Caracas aja para coibi-los e que 1.500 guerrilheiros estão abrigados na Venezuela. A Colômbia pediu que a OEA lidere, em até 30 dias, uma missão para comprovar sua existência.
A sessão emergencial fora pedida por Bogotá. "Mostramos essas provas várias vezes a Caracas, e como resposta recebemos insultos", disse o embaixador colombiano, Luis Alfonso Hoyos.
O representante da Venezuela, Roy Chaderton, foi irônico: "Conta outra". Ele disse que as imagens eram questionáveis e as coordenadas, conhecidas e descartadas.
Durante a noite, a Colômbia divulgou mais fotos.

"DIGNIDADE"
Enquanto corria a sessão na OEA, Chávez anunciava em Caracas o rompimento das já congeladas relações e ordenava um alerta na fronteira com a Colômbia, alegando risco de agressão.
Disse que a decisão foi tomada por "dignidade". Minutos depois do anúncio em Caracas, o embaixador da Venezuela na OEA pediu a palavra para comunicar a ruptura. "Foi uma provocação. Mas em algumas provocações temos de cair mesmo", disse à imprensa.
Autoridades presentes manifestaram ceticismo quanto às provas. "Não se sustentariam num tribunal", disse um diplomata. O embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, pediu diálogo: "A América do Sul é uma região de paz e é fundamental manter essa característica".


A jornalista FLÁVIA MARREIRO viajou a convite do governo da Colômbia


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