São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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EUROPA

A pior catástrofe desde a 2ª Guerra, segundo definiu Schröder, leva o chanceler a congelar gastos e elevar impostos

Chuvas vão custar 25 bilhões de euros à Alemanha

France Presse
Alemãs que participam do trabalho voluntário para a contenção de um rio perto de Lauenburg descansam sobre os sacos de areia


MARY DEJEVSKY
DO "THE INDEPENDENT"

O custo de reparar os danos causados pelas chuvas recentes na Alemanha será de pelo menos 25 bilhões, muito mais do que as estimativas iniciais previam, afirmaram autoridades alemãs.
O chanceler (premiê) Gerhard Schröder descreveu as inundações como a pior catástrofe a atingir a Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial. A nova estimativa foi divulgada após inspeções na Saxônia, o Estado mais afetado, onde a água já baixou. Funcionários do Ministério das Finanças afirmaram que os estragos eram infinitamente maiores do que eles temiam e que pelo menos 15 bilhões podem ser necessários.
Moradores que retornaram às suas casas foram instruídos anteontem a ser implacáveis ao destruir móveis, aparelhos domésticos e alimentos estragados para evitar pragas de ratos.
O custo para consertar os estragos provocados pelas chuvas em outros Estados deve ultrapassar 10 bilhões, segundo funcionários do governo. Mas, com inundações ainda ocorrendo na parte mais baixa do rio Elba e dezenas de milhares de pessoas ainda sendo retiradas de suas casas, esse número pode crescer. A nova previsão do custo total é cerca de dois terços mais alta do que a estimativa inicial, de 15 bilhões.
A menos de cinco semanas das eleições gerais do país, Schröder tomou a decisão politicamente arriscada de congelar os gastos públicos e, ontem, anunciou uma elevação dos impostos a serem pagos por empresas por um ano de 25% para 26,5%.
A decisão foi tomada em resposta a uma oferta dos membros da Federação de Indústrias Alemã de pagar impostos mais altos temporariamente para ajudar dezenas de milhares de vítimas das enchentes, afirmou o chanceler.
A União Européia também ofereceu ajuda, em grande parte na forma de uma atitude mais flexível em relação ao uso de fundos da UE já destinados à Alemanha. A quantia adicional oferecida não deve passar de 1,2 bilhão.
As novas estimativas significam que o governo alemão terá de poupar além de aumentar impostos. Schröder convocou os governadores dos Estados para uma reunião ontem em Berlim para decidir como os fundos seriam levantados.

Arte
Dezenas de museus, galerias e arquivos históricos foram atingidos pelas inundações recentes na Alemanha e na República Tcheca.
Em Dresden, na Alemanha, o teatro Semper anunciou ontem que devolverá 150 mil ingressos comprados antecipadamente para a temporada de óperas deste ano, que será adiada em ao menos dois meses por causa das enchentes. O edifício foi inundado e perdeu três pianos, além de vários aparelhos de palco e roupas.
Em ambos os países, livros e manuscritos atingidos pelas enchentes estão sendo congelados antes de poderem ser restaurados de forma apropriada.
Na República Tcheca, partituras escritas por Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e a "Bíblia de Praga", de 1488, a primeira edição do livro a ser impressa em tcheco, dividem espaço com ervilhas e espinafre nas prateleiras do frigorífico de uma empresa de verduras e legumes congelados em Mochov, a 20 km de Praga. Até ontem, 18 instituições, incluindo o Museu Nacional e a Orquestra Filarmônica Tcheca, já haviam enviado dezenas de milhares de documentos históricos para o frigorífico da Mochovske Mrazirny.

Com agências internacionais


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