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CARIBE
Valdés pede mais quatro anos
Diplomata quer ONU mais tempo no Haiti
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O enviado especial da ONU ao
Haiti, o chileno Juan Gabriel Valdés, disse ontem em Brasília que
as tropas das Nações Unidas, lideradas pelo Brasil, deveriam ficar
no país caribenho por mais quatro anos. Salientou que se tratava
de sua opinião pessoal.
A missão da ONU no Haiti (Minustah) deve iniciar em setembro
mudanças com o objetivo de reforçar a segurança da capital, Porto Príncipe, a poucas semanas das
eleições presidenciais. A principal
novidade será a unificação do comando dos "capacetes azuis" na
capital -inclusive os 1.200 brasileiros-, que ficarão subordinados a um general jordaniano.
O Brasil continua com o comando militar da Minustah. O general gaúcho Urano Teixeira da
Matta Bacellar deve assumir o
cargo em 3 de setembro, no lugar
do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira -que ontem esteve na
sede da ONU, em Nova York,
prestando contas de sua atuação.
"O comando se mantém. O general brasileiro é o chefe militar
da ONU no Haiti, com um subcomandante chileno. Subordinada
aos dois, haverá uma estrutura
que centralizará as ações em Porto Príncipe, que será dirigida por
um general jordaniano. Por quê?
Porque nos demos conta de que o
tema real de segurança no Haiti é
Porto Príncipe", disse Valdés.
Cronograma
A mudança deve ser implementada no final de setembro, quando chegarão mais 750 soldados
jordanianos a Porto Príncipe.
Com isso, a Jordânia superará o
Brasil como o maior contingente
de "capacetes azuis", com cerca
de 1.450 homens. O aumento de
tropas da ONU, de 6.700 para
7.500 militares, foi autorizado pelo Conselho de Segurança em junho, em razão do aumento de seqüestros e da violência entre gangues na região da capital haitiana.
Valdés voltou a descartar ontem
o adiamento das eleições presidenciais, previstas para o final do
ano. A idéia tem sido defendida
por alguns analistas, que consideram que não há condições de segurança para pleitos transparentes, sobretudo em Porto Príncipe.
"Discordo absolutamente, porque nada produz mais instabilidade do que prolongar esse governo provisório", disse, ao defender que não é possível ter condições ideais dada a fragilidade do
país. "Não serão eleições austríacas, serão eleições haitianas."
Otimista, Valdés disse que há
bons sinais de que as eleições serão bem-sucedidas. Citou que
houve, até agora, 2 milhões de
eleitores inscritos de um total de
cerca de 3,5 milhões. O prazo de
inscrição foi estendido por mais
um mês, até 15 de setembro; o primeiro turno presidencial está
marcado para novembro.
O diplomata chileno também
disse que 46 partidos solicitaram
o registro eleitoral, entre eles o Família Lavalas, do ex-presidente
Jean-Bertrand Aristide -deposto em fevereiro de 2004.
Mas ontem o Lavalas ameaçou
boicotar as eleições do Haiti caso
Gerard Jean-Juste, visto como o
provável candidato à Presidência
do grupo, seja libertado da prisão.
Gilles, que é padre católico, foi
preso há cerca de um mês pela polícia haitiana, em investigação sobre o assassinato de um jornalista.
Dinheiro das drogas
Valdés, no entanto, demonstrou preocupação com o uso de
dinheiro do narcotráfico durante
a campanha eleitoral.
"Os grupos vinculados às drogas são a fonte mais perigosa de
subversão e instabilidade no Haiti. Pouco avançaremos com o
processo eleitoral se o dinheiro
que circular na campanha eleitoral provier dos barões da droga.
Pouco avançamos se desarmarmos os bandidos e, no final, as armas puderem reaparecer, financiadas pelo tráfico de drogas."
Com agências internacionais
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