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TERROR EM LONDRES
Família envia mensagem a premiê britânico em que requer punição aos responsáveis pela morte do brasileiro
Em carta a Blair, primo de Jean exige CPI
DA REDAÇÃO
Um dos primos do brasileiro
Jean Charles de Menezes -morto pela polícia britânica no metrô
de Londres em 22 de julho, ao ser
confundido com um terrorista-
entregou ontem uma carta destinada ao premiê britânico, Tony
Blair, pedindo um inquérito público (processo de investigação
parlamentar comparável a uma
CPI no Brasil) sobre o incidente.
Cerca de 200 pessoas participaram de uma vigília em frente à residência oficial de Downing
Street, para marcar um mês da
morte do eletricista. Blair passa
férias em Barbados.
"Estou pedindo a ele [Blair] que
se assegure de que aqueles responsáveis pela morte de Jean sejam levados à Justiça", disse Alessandro Pereira, primo de Menezes, após a entrega da carta.
"A família pede igualmente
uma investigação pública profunda sobre todas as circunstâncias
da morte de meu primo, incluindo a política de atirar para matar e
as mentiras que foram ditas pela
polícia", acrescentou.
Menezes foi morto com sete tiros na cabeça e um no ombro
dentro de um trem do metrô na
estação de Stockwell, um dia após
os atentados de 21 de julho, que
não deixaram vítimas. Segundo a
versão inicial da polícia, ele agia
de forma suspeita, usava um casaco pesado que poderia esconder
uma bomba e não atendeu às interpelações dos agentes.
O incidente ocorreu duas semanas depois que atentados a bomba em três estações de metrô e um
ônibus mataram 52 pessoas na capital do Reino Unido.
Enviados
Os representantes enviados pelo
governo brasileiro para acompanhar as investigações sobre as circunstâncias da morte de Menezes
chegaram ontem a Londres, onde
tiveram a primeira reunião com a
polícia britânica.
"Estamos aqui para ver como a
investigação funciona", disse o
advogado Márcio Pereira Pinto
Garcia, do Ministério da Justiça,
ao desembarcar no aeroporto de
Heathrow, acompanhado pelo
subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves.
Segundo nota divulgada pela
polícia, Gonçalves e Garcia se encontraram com o vice-comissário-assistente, John Yates. O chefe
da polícia, Ian Blair, participou de
parte da reunião, que tratou dos
protocolos da investigação.
A nota afirma ainda que o encontro foi "positivo e construtivo", segundo um porta-voz, e que
a polícia reiterou o pedido de desculpas aos familiares de Menezes
por sua morte.
Entre hoje e amanhã os brasileiros devem ter reunião com membros da comissão independente
(IPCC) que investiga o caso. A
Embaixada do Brasil em Londres
negou que a intenção dos enviados seja a de realizar uma investigação paralela.
O governo brasileiro decidiu
enviar os representantes depois
que uma série de reportagens da
imprensa britânica revelou, com
base em documentos vazados do
IPCC, sérias contradições na versão da polícia sobre o incidente.
Os documentos demonstram
que, ao contrário do que a polícia
afirmara, Menezes vestia uma jaqueta jeans e não tentou fugir dos
policiais. Mostram ainda que
houve falhas na identificação de
Menezes como um suposto terrorista e desrespeito a uma ordem
para que ele fosse capturado vivo.
Na semana passada, o IPCC
afirmou que a polícia tentara inicialmente impedir uma investigação independente sobre o caso,
fazendo aumentar as pressões para que o comissário Ian Blair renunciasse.
Ontem, o colunista Tim Hames
do "Times" londrino defendeu a
renúncia do comissário, argumentando que a conduta de Ian
Blair no caso de Menezes "não
inspira confiança".
Com agências internacionais
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