São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Observadores relatam casos de fraude e de violência na votação

DO ENVIADO A CABUL

No primeiro dia de balanço dos observadores que monitoraram a eleição no Afeganistão, houve mais relatos de fraudes, intimidação pela violência e até dois supostos casos de eleitores que tiveram os dedos pintados com a tinta para provar seu comparecimento cortados pelo Taleban.
Os comentários foram feitos pela agência doméstica Fundação Eleições Livres e Justas do Afeganistão e pelos observadores externos IND (Instituto Nacional Democrático, EUA) e Comissão Europeia.
A fundação trouxe o relato de que dois eleitores tiveram as duas falanges externas de seus indicadores decepadas por insurgentes na Província de Candahar (sul). Nader Nadery, seu diretor, não deu detalhes.
Além da violência, a fundação apresentou os relatos já correntes de fraudes: urnas sendo enchidas com votos falsos em locais de baixo comparecimento, funcionários da Comissão Eleitoral manipulando resultados e falsificação em massa de registros eleitorais no período anterior ao pleito.
O IND não foi tão explícito, mas trouxe problemas sérios. Além das fraudes, as quais não quis comentar, relatou como a mídia oficial realizou uma cobertura no último mês de campanha com 90% do espaço ao tema eleição para o presidente-candidato Hamid Karzai.
O presidente do instituto, Kenneth Wollach, disse contudo que considerou a eleição "democrática, apesar das falhas, que devem servir para ajudar a melhorar o processo". "Mas só iremos ter uma opinião final quando o processo estiver encerrado", afirmou.
A Comissão Europeia foi mais genérica e ressaltou que a violência foi o problema principal -morreram cerca de 40 pessoas em incidentes relativos à votação. Para o chefe da missão, general Philippe Morillon, a eleição "foi em geral justa, mas não livre em algumas partes do país devido ao terror".
As três entidades não estimaram comparecimento. O vice-presidente da Comissão Eleitoral Independente afirmou que é impossível saber o dado agora -e deu novos prazos para a apuração.
"Na próxima terça, começaremos na verdade a saber os dados de algumas províncias. Só teremos algo melhor entre 3 e 7 de setembro, e o resultado final em 17 de setembro para definirmos se haverá segundo turno ou não", disse Daud Ali Najafi, que bateu boca com repórteres locais insatisfeitos com as imprecisões da comissão.
Todos os observadores internacionais trabalham com uma estimativa de comparecimento entre 40% e 50%, bem abaixo dos 70% registrados em 2004 -quando o Taleban não boicotou a eleição, nem estava em condições para isso. (IG)


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