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Observadores relatam casos de fraude e de violência na votação
DO ENVIADO A CABUL
No primeiro dia de balanço
dos observadores que monitoraram a eleição no Afeganistão,
houve mais relatos de fraudes,
intimidação pela violência e até
dois supostos casos de eleitores
que tiveram os dedos pintados
com a tinta para provar seu
comparecimento cortados pelo
Taleban.
Os comentários foram feitos
pela agência doméstica Fundação Eleições Livres e Justas do
Afeganistão e pelos observadores externos IND (Instituto
Nacional Democrático, EUA) e
Comissão Europeia.
A fundação trouxe o relato de
que dois eleitores tiveram as
duas falanges externas de seus
indicadores decepadas por insurgentes na Província de Candahar (sul). Nader Nadery, seu
diretor, não deu detalhes.
Além da violência, a fundação apresentou os relatos já
correntes de fraudes: urnas
sendo enchidas com votos falsos em locais de baixo comparecimento, funcionários da Comissão Eleitoral manipulando
resultados e falsificação em
massa de registros eleitorais no
período anterior ao pleito.
O IND não foi tão explícito,
mas trouxe problemas sérios.
Além das fraudes, as quais não
quis comentar, relatou como a
mídia oficial realizou uma cobertura no último mês de campanha com 90% do espaço ao
tema eleição para o presidente-candidato Hamid Karzai.
O presidente do instituto,
Kenneth Wollach, disse contudo que considerou a eleição
"democrática, apesar das falhas, que devem servir para ajudar a melhorar o processo".
"Mas só iremos ter uma opinião final quando o processo
estiver encerrado", afirmou.
A Comissão Europeia foi
mais genérica e ressaltou que a
violência foi o problema principal -morreram cerca de 40
pessoas em incidentes relativos
à votação. Para o chefe da missão, general Philippe Morillon,
a eleição "foi em geral justa,
mas não livre em algumas partes do país devido ao terror".
As três entidades não estimaram comparecimento. O vice-presidente da Comissão Eleitoral Independente afirmou que
é impossível saber o dado agora
-e deu novos prazos para a
apuração.
"Na próxima terça, começaremos na verdade a saber os dados de algumas províncias. Só
teremos algo melhor entre 3 e 7
de setembro, e o resultado final
em 17 de setembro para definirmos se haverá segundo turno
ou não", disse Daud Ali Najafi,
que bateu boca com repórteres
locais insatisfeitos com as imprecisões da comissão.
Todos os observadores internacionais trabalham com uma
estimativa de comparecimento
entre 40% e 50%, bem abaixo
dos 70% registrados em 2004
-quando o Taleban não boicotou a eleição, nem estava em
condições para isso.
(IG)
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