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Tráfico sustenta camponeses e envolve políticos
DO ENVIADO A CABUL
O fato de alguns dos principais políticos do país serem
acusados de envolvimento com
o tráfico de drogas não ajuda
muito na erradicação do problema no Afeganistão.
O ex-governador da problemática Província de Helmand,
Sher Muhammad Akhunzada,
teve nove toneladas de ópio
descobertas pelos britânicos
em um de seus esconderijos no
ano passado.
"Nós sabemos que há problemas, não hesitaremos em prender quem for culpado", afirma o
porta-voz do Ministério Antidrogas, Zulmai Alzali. Ele diz
que há "vários políticos" detidos. Mas não dá números.
"Tudo o que queremos é que
os próximos líderes afegãos
procurem trabalhar com pessoas comprometidas com o futuro do país", disse o representante da ONU no país, Kai Eide.
Enquanto isso, a ajuda externa chega de forma soluçante.
"Agradecemos os EUA por um
programa que previa dar US$ 1
milhão para cada Província que
ficar livre da droga, mas vamos
ser claros: não é dinheiro para
quase nada", afirma Alzali.
Outro político acusado repetidamente de envolvimento
com traficantes é o poderoso
meio-irmão do presidente Hamid Karzai, Walid. Ele naturalmente nega.
"Isso mostra o quão contaminada está a estrutura de poder
no país", diz Sayed Massoud, da
Universidade de Cabul.
Por fim, há a questão econômica. Agricultores do país somam 80% da economia afegã,
ainda que apenas 12% das terras sejam aráveis. Um plantador de milho no leste do país
ganha algo como US$ 50 por
mês em boa época. Seu vizinho,
plantando papoula, pode conseguir até US$ 3.000, segundo
o governo.
"Precisamos estimular essas
pessoas a deixar o plantio, mas
não podemos oferecer isso diretamente porque senão estaríamos prevaricando. Afinal,
reconheceríamos o crime sem
o punir", diz Alzali.
(IG)
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