São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Tráfico sustenta camponeses e envolve políticos

DO ENVIADO A CABUL

O fato de alguns dos principais políticos do país serem acusados de envolvimento com o tráfico de drogas não ajuda muito na erradicação do problema no Afeganistão.
O ex-governador da problemática Província de Helmand, Sher Muhammad Akhunzada, teve nove toneladas de ópio descobertas pelos britânicos em um de seus esconderijos no ano passado.
"Nós sabemos que há problemas, não hesitaremos em prender quem for culpado", afirma o porta-voz do Ministério Antidrogas, Zulmai Alzali. Ele diz que há "vários políticos" detidos. Mas não dá números.
"Tudo o que queremos é que os próximos líderes afegãos procurem trabalhar com pessoas comprometidas com o futuro do país", disse o representante da ONU no país, Kai Eide.
Enquanto isso, a ajuda externa chega de forma soluçante. "Agradecemos os EUA por um programa que previa dar US$ 1 milhão para cada Província que ficar livre da droga, mas vamos ser claros: não é dinheiro para quase nada", afirma Alzali.
Outro político acusado repetidamente de envolvimento com traficantes é o poderoso meio-irmão do presidente Hamid Karzai, Walid. Ele naturalmente nega.
"Isso mostra o quão contaminada está a estrutura de poder no país", diz Sayed Massoud, da Universidade de Cabul.
Por fim, há a questão econômica. Agricultores do país somam 80% da economia afegã, ainda que apenas 12% das terras sejam aráveis. Um plantador de milho no leste do país ganha algo como US$ 50 por mês em boa época. Seu vizinho, plantando papoula, pode conseguir até US$ 3.000, segundo o governo.
"Precisamos estimular essas pessoas a deixar o plantio, mas não podemos oferecer isso diretamente porque senão estaríamos prevaricando. Afinal, reconheceríamos o crime sem o punir", diz Alzali. (IG)


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