São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2011

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Em meio à procura por ditador, insurgentes planejam transição

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Enquanto travavam ontem a batalha pelo controle da capital Trípoli, rebeldes comemoravam vitória e anunciavam que a "era Gaddafi" terminou. No meio tempo, estimavam um prazo de 10 a 15 meses de transição entre autocracia e democracia.
Em comparação, Tunísia e Egito, onde houve revoluções neste ano, esperam cumprir o processo neste semestre. A vitória, porém, ainda não é completa. Até o fechamento desta edição, Muammar Gaddafi, 69, controlava bolsões na cidade, incluindo um hospital, um quartel e um hotel. Insurgentes admitiam ignorar o paradeiro do ditador.
É possível que Gaddafi esteja em Sirte, sua cidade natal. A Otan diz ter interceptado mísseis vindos da região. A insurgência tem planos de julgar o ditador. Há ordem de prisão contra ele emitida pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia. Ontem, Barack Obama, presidente dos EUA, voltou a dar declaração sobre a Líbia, dizendo que o tempo de Gaddafi "está chegando ao fim".
O ditador não aparece em público desde 12 de junho, quando foi fotografado jogando xadrez. Neste final de semana, apenas o áudio de Gaddafi foi veiculado pela TV.
Boatos ontem apontavam para uma nova rodada de revezes à ditadura, sugerindo a morte de seu filho Khamis e do chefe de inteligência Abdullah al Senussi. As baixas não foram confirmadas.
Acreditava-se que Saif al Islam, herdeiro de Gaddafi, estivesse preso. A notícia foi desmentida com a aparição dele a jornalistas. Ele afirmou que Trípoli continua sob poder do governo.
Mohammed, outro filho do ditador, chegou a ser detido, mas fugiu ontem. Um terceiro filho continua preso. A Otan diz que continuará com os bombardeios até que Gaddafi tenha se rendido. Os ataques da organização foram decisivos aos avanços.

RECONHECIMENTO
Apesar da incerteza em relação à Líbia pós-Gaddafi, 35 países já reconheceram o governo rebelde, conhecido como CNT (Conselho Nacional Transitório), como o legítimo representante dos líbios.
Entre eles os EUA, a França, a Alemanha, a vizinha Tunísia e outros cinco países árabes, além de uma potência regional, a Turquia. O reconhecimento deve facilitar o desbloqueio de bens do regime líbio no exterior. Os EUA, que congelaram US$ 35 bilhões em bens de Gaddafi, disseram ontem que examinam formas legais de canalizar recursos para o governo transitório.

Com MARCELO NINIO, de Jerusalém


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