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Latinos forçarão
EUA a isolar-se,
afirma analista
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
As mudanças demográficas que ocorrerão nos EUA
nos próximos 50 anos, além
da evolução das tendências
políticas de sua sociedade,
tornarão o país mais conservador e isolacionista -sobretudo no que concerne à
sua política externa-, segundo Charles Kupchan, diretor do reputado Council
on Foreign Relations (EUA).
"Vários aspectos devem
ser analisados. Em termos
demográficos, as regiões dos
EUA que mais crescem hoje
são as partes do sul e do oeste que são predominantemente agrícolas. Trata-se de
duas parcelas do país que,
tradicionalmente, são pouco
favoráveis ao internacionalismo liberal e ao multilateralismo. Ademais, essas regiões são mais apegadas à
América Central e à América
do Sul normalmente", explicou Kupchan à Folha.
"Essa mudança em direção a uma política externa
mais comedida e isolacionista ocorrerá em parte por
conta do crescimento proporcional da população hispano-americana, que inclui
os brasileiros. Em 50 anos,
cerca de um terço da população americana será de origem hispânica", acrescentou
o autor de "The End of the
American Era: U.S. Foreign
Policy and the Geopolitics of
the Twenty-First Century"
(o fim da era americana: a
política externa dos EUA e a
geopolítica do século 21).
Kupchan salientou que
"essas pessoas tendem a viver em Estados importantes
no que tange ao sistema eleitoral americano, como o Texas, a Califórnia e a Flórida".
Para ele, isso "também contribuirá para mudar o cenário político americano".
"Além disso, os americanos de origem hispânica deverão defender uma política
externa mais voltada para o
Ocidente, sobretudo para a
América Latina, e menos
preocupada com a manutenção da paz no planeta."
Com isso, de acordo com
Kupchan, o isolacionismo
que existia nos EUA antes do
11 de Setembro "não era apenas uma idiossincrasia passageira de George W. Bush,
mas uma mudança mais
profunda, que reflete as alterações na composição do
eleitorado americano".
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