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Congressistas exigem revisão de ação no Iraque
A apenas duas semanas de votação, democratas e republicanos pressionam Bush
Mortes de soldados chegam a 80 no mês e elevam tom de críticas; oposição sugere que governo adia mudanças necessárias devido à eleição
France Presse/Departamento de Defesa
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General William Casey (centro), comandante das forças no Iraque, discute estratégia com militares em Yusufiyah, ao sul de Bagdá |
DA REDAÇÃO
Com a proximidade das eleições que definirão o comando
do Congresso americano e a situação no Iraque se deteriorando de modo evidente, senadores foram a público ontem exigir mudanças imediatas na estratégia da Casa Branca no país.
Além dos democratas, republicanos -do partido do presidente George W. Bush- e autoridades questionam abertamente a atuação no Iraque.
"Não acho que uma mudança
nas táticas tenha que esperar
até as eleições [de 7 de novembro]", disse o republicano Arlen
Specter, chefe do Comitê Judiciário do Senado. "Há muitas
mortes. Se temos um plano melhor, devemos adotá-lo logo."
A Casa Branca, segundo o
jornal "New York Times", planeja um cronograma a ser imposto ao Iraque para que ele assuma responsabilidades maiores por sua própria segurança,
que seria apresentado ao premiê xiita Nuri al Maliki só no
fim do ano. O governo diz que o
relato é "impreciso".
O senador democrata John
Kerry, que disputou a Presidência com Bush em 2004, criticou um possível adiamento.
"Eu acho que é imoral pôr a vida de jovens americanos em jogo esperando pelo dia da eleição. Se o senhor tem uma estratégia melhor, senhor presidente, merecemos tê-la agora."
Ontem mais dois soldados
dos EUA morreram, elevando a
80 as baixas só neste mês -um
recorde nos últimos dois anos.
O crescente descontentamento
dos eleitores com a atuação
americana no país é um dos fatores que dão aos democratas
perspectiva de vitória.
Bush se reuniu anteontem
com os generais que comandam a ação no Iraque para redefinir sua política no país, mas
evita falar em mudança de "estratégia" -o que poderia ser
visto como um reconhecimento do fracasso-, preferindo citar alterações nas "táticas".
Retirada
Muitos políticos pressionam
pelo estabelecimento de datas
específicas para a retirada escalonada das tropas americanas.
O senador democrata Carl Levin, do Comitê dos Serviços Armados, em entrevista à rede de
TV Fox, disse: "Precisamos fazer isso [estabelecer as datas].
Devíamos ter feito isso há muito tempo". "Sem a pressão de
nossas tropas deixando o país,
os iraquianos não farão o que só
eles podem fazer, que é resolver
suas diferenças políticas."
Bush insiste que as tropas
não sairão "antes que a missão
esteja completa". "Há alguns
em Washington que afirmam
que a retirada nos deixaria mais
seguros. Eu discordo."
Os congressistas querem que
o presidente aumente a pressão
sobre o premiê xiita Nuri al
Maliki para que ele contenha as
milícias que lutam entre si. Maliki hesita em agir contra elas
pois depende do apoio político
dos líderes das duas principais
milícias xiitas -o Exército
Mehdi e a Organização Badr-,
que controlam grande parte do
Parlamento.
O republicano John Warner,
chefe da Comissão de Serviços
Armados do Senado, é um dos
que insistem numa atuação
mais firme do premiê: "É trabalho dele, e não da coalizão, se livrar dessas milícias privadas".
Em entrevista à TV do Qatar
Al Jazira, que foi ao ar ontem,
um alto diplomata dos EUA foi
extremamente crítico sobre a
atuação americana. Falando
em árabe, Alberto Fernandez,
diretor de diplomacia do Escritório de Assuntos do Oriente
Médio do Departamento de Estado, disse: "Há muito espaço
para críticas, porque, sem dúvida, houve arrogância e estupidez da parte dos EUA".
E acrescentou: "É difícil para
qualquer político admitir erros,
porque as pessoas não gostam
de admitir que os cometeram
ou que estão erradas".
O porta-voz do departamento, Sean McCormack, que está
em Moscou com a secretária de
Estado, Condoleezza Rice, tentou culpar uma tradução imprecisa para o inglês pelas palavras duras: "Isso [a tradução do
trecho sobre arrogância e estupidez] não mostra de modo
preciso o que ele disse".
Uma alta autoridade -que
falou sob anonimato porque no
momento ainda não havia uma
tradução disponível- também
pôs em dúvida se as palavras
haviam sido essas mesmas,
acrescentando que "esses comentários, obviamente, não refletem nossa posição".
Ontem ao menos 29 iraquianos morreram ou tiveram seus
corpos encontrados, elevando
para 935 as mortes no mês.
Com agências internacionais
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