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Pesquisa revela apatia do eleitor a seis dias do voto
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
A Argentina decide no próximo domingo nas urnas quem a
governará pelos próximos quatro anos. Mas, a julgar pelos resultados de uma pesquisa, os
argentinos parecem não se importar muito com isso.
Um levantamento encomendado ao instituto Poliarquia pelo jornal "La Nación" revela
que 72,8% dos argentinos dizem se interessar pouco ou nada por política. O número de
desinteressados pela atual
campanha eleitoral é maior: somam 73,5% os que dizem que
acompanham pouco ou não
acompanham a campanha.
A apatia geral ante a sexta
eleição desde a redemocratização da Argentina, em 1983, contrasta com a ebulição de campanhas anteriores. Para muitos
analistas, parte dessa apatia é
deliberadamente provocada
pelo governo, que agiu para instalar nos eleitores a idéia de que
a eleição já está definida e que a
primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner vencerá.
"Os estrategistas do governo
conseguiram difundir a noção
de que, no dia 28, Cristina
triunfará por uma margem tão
escandalosa que não terá que
perder tempo com o segundo
turno", diz o jornalista e analista político James Neilson.
Essa estratégia é traduzida
em uma série de viagens ao exterior durante a campanha, em
que Cristina foi recebida por
chefes-de-Estado, inclusive
Luiz Inácio Lula da Silva, como
se fosse uma deles; na progressiva substituição do presidente
Néstor Kirchner por Cristina
em inaugurações e atos oficiais;
e na falta de debates com os adversários.
Segundo a pesquisa da Poliarquia, o desinteresse pela política beneficia Cristina -é
maior ainda entre os que afirmam que votarão na primeira-dama, chegando a 75%. Para
efeito de comparação, entre os
que declaram voto em Elisa
Carrió, principal oposicionista,
63% dizem que não se interessam por política.
Enquanto os principais candidatos oposicionistas desdenharam da pesquisa, Jorge Sobisch, que briga pelo quinto lugar, aceitou os números e reconheceu que a oposição é parcialmente culpada por eles.
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