São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Ação da Otan na Líbia revive espectro da Guerra Fria

RICHARD AL-QAQ
ESPECIAL PARA A FOLHA

A morte do coronel Gaddafi marca um momento importante na política internacional do Oriente Médio.
Sinaliza o fim histórico de uma longa ditadura e consolidação ainda maior do controle do Conselho Nacional de Transição sobre o território líbio.
Também conduzirá ao encerramento das operações da Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte) no país, pondo fim a mais um capítulo controverso de intervenção militar ocidental.
É certo que, sem as armas e o dinheiro fornecidos por alguns países europeus aos rebeldes e o pesado bombardeio da Otan a forças e infraestrutura do regime, as chances de vitória dos rebeldes teriam sido ínfimas.
Os motivos ocidentais para intervenção continuarão em disputa, e jamais saberemos se a ação da Otan evitou uma crise humanitária.
A relutância de outros países-membros da ONU, entre os quais o Brasil, em apoiar o "precedente líbio" tem base racional. Ela surgiu porque as ações da Otan envolvem o espectro de um ressurgimento do modelo de "guerra via prepostos" que existia na Guerra Fria, quando disputas locais pela democracia se viam transformadas em focos de conflito indireto entre potências regionais e mundiais.
Se o objetivo é evitar ainda mais polarização, um novo consenso precisa ser formado rapidamente no Conselho de Segurança sobre como a comunidade internacional pode apoiar as aspirações dos povos a uma mudança em seus sistemas, no Oriente Médio, sem comprometer os princípios da neutralidade.

RICHARD AL-QAQ é pesquisador na Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres

Tradução de PAULO MIGLIACCI




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