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Amorim diz que país que se opõe ao Irã quer aplauso
Chanceler defende abstenção do Brasil em texto condenando regime
País do Oriente Médio é criticado por sentença de apedrejamento de Sakineh Ashtiani, por suposto adultério
DE BRASÍLIA
O chanceler Celso Amorim
defendeu a abstenção do
Brasil na votação da ONU
(Organização das Nações
Unidas) que aprovou resolução contra violações de direitos humanos no Irã.
Ele aproveitou para criticar os países que aprovaram
o texto, dizendo que queriam
apenas receber aplausos de
ONGs que condenam o Irã,
em vez de tentar reverter o
problema.
Amorim não citou o nome
de Sakineh Ashtiani, iraniana condenada à morte por
apedrejamento.
Diante da reação internacional, o governo iraniano teria decidido que ela seria
morta por enforcamento,
mas ainda há dúvidas sobre
o que ocorrerá com ela.
Na ação, Sakineh foi acusada de adultério por ter tido
relações sexuais com um homem após a morte do marido.Mesmo sendo viúva, as
leis islâmicas proíbem relações fora do casamento.
A condenação final, que
levou à declaração da pena
de morte, foi de envolvimento na morte do marido.
Amorim disse ontem, em
Genebra, que o país condena
o apedrejamento, mas prefere discutir o assunto diretamente com o Irã por considerar o diálogo mais efetivo.
"Obviamente o Brasil condena o apedrejamento. Temos condições de fazer isso
[discutir o assunto] de maneira mais efetiva que outros
países porque temos diálogo
com o governo do Irã", disse.
Segundo ele, o governo
iraniano prometeu ao Brasil
que o método não será mais
usado como pena de morte.
Amorim argumentou que
a resolução não era apenas
sobre o apedrejamento, embora o tema estivesse lá.
A resolução da ONU foi
apresentada pelo Canadá.
Além do Brasil, outros 56 países se abstiveram da votação.
O texto foi aprovado por 80
votos a favor e 44 contra.
"Procuramos falar com interlocutores. Isso é mais importante para a senhora
ameaçada do que os países
receberem aplausos de
ONGs", acrescentou.
Em julho, o presidente Lula ofereceu asilo à iraniana, o
que foi negado pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Depois de eleita presidente da República, Dilma Rousseff também repudiou o apedrejamento, classificando-o
como "uma coisa muito bárbara".
Ontem, o chefe do Conselho de Direitos Humanos iraniano, Mohammad Javad Larijani, disse que há uma boa
chance de que a vida de Sakineh seja salva. Ele não deu
mais detalhes.
Com agências internacionais
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