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Distrito pena com crise de crédito imobiliário
Dívidas com as hipotecas afetam economia do Bronx
DE NOVA YORK
Pelas ruas do Bronx, onde em
cada esquina há alguém ouvindo hip hop ou música latina,
circula grande parte dos protagonistas da crise imobiliária
que atormenta os mercados
desde agosto.
São pessoas que financiaram
ou refinanciaram suas casas
com hipotecas "subprime"
-modalidade de crédito concedida a clientes sem exigir bom
histórico de pagamento em troca de juros mais altos- e que
agora têm tido dificuldade em
honrar as prestações.
Segundo levantamento do
jornal "The New York Times",
em cerca de um terço dos bairros do distrito a taxa de empréstimos "subprime" passa
dos 60% do total de hipotecas.
Praticamente em todos eles o
índice é maior que 25%.
Com boa parte dos salários
usados para pagar empréstimos, diz a publicação, o comércio do pedaço estagnou, o que
ajuda a espalhar o ciclo de pobreza pela vizinhança.
A dificuldade geral para honrar as prestações coincide com
o custo da energia mais alto em
todo o país, especialmente o
preço do óleo de calefação, que
alimenta a caldeira que produz
vapor para aquecer as casas no
inverno.
A conta de energia por família americana no inverno deverá saltar de US$ 889 para US$
977 neste ano, segundo previsão do Departamento de Energia dos EUA.
Nas casas que usam óleo para
aquecimento -7% dos lares
americanos, nas porções mais
ao norte do país-, o gasto será
maior. Com o barril de petróleo
encostando em US$ 100 no decorrer do ano, o custo do óleo
nos três meses de inverno será
22% maior, chegando, em média, a US$ 1.785 por família.
Os altos custos da energia
ajudaram a elevar a inflação
americana. O PPI (índice de
preços ao produtor americano)
chegou a 3,2% no mês de novembro, maior taxa desde 1973.
Imigrantes
A dona-de-casa Brenda Merced diz que "o inverno de Nova
York é impossível sem calefação" -há dias em janeiro em
que a sensação térmica bate em
-20C. "Os imigrantes que vêm
da América do Sul às vezes são
surpreendidos, pois em seus
países faz menos frio", avalia a
filha de porto-riquenha.
Cerca de 33% dos moradores
do Bronx definem-se como negros, e 50% declaram ter origem hispânica, segundo o Censo federal de 2006. Apenas 44%
falam só inglês dentro de casa.
Dois moradores célebres ajudam a visualizar a cara do
Bronx. A cantora pop Jennifer
Lopez, filha de porto-riquenhos, costuma repetir em entrevistas que tem "orgulho" de
ter nascido e se criado no distrito. O ex-secretário de Estado do
governo Bush Colin Powell, filho de jamaicanos, também
nasceu ali.
(DANIEL BERGAMASCO)
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