São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Distrito pena com crise de crédito imobiliário

Dívidas com as hipotecas afetam economia do Bronx

DE NOVA YORK

Pelas ruas do Bronx, onde em cada esquina há alguém ouvindo hip hop ou música latina, circula grande parte dos protagonistas da crise imobiliária que atormenta os mercados desde agosto.
São pessoas que financiaram ou refinanciaram suas casas com hipotecas "subprime" -modalidade de crédito concedida a clientes sem exigir bom histórico de pagamento em troca de juros mais altos- e que agora têm tido dificuldade em honrar as prestações.
Segundo levantamento do jornal "The New York Times", em cerca de um terço dos bairros do distrito a taxa de empréstimos "subprime" passa dos 60% do total de hipotecas. Praticamente em todos eles o índice é maior que 25%.
Com boa parte dos salários usados para pagar empréstimos, diz a publicação, o comércio do pedaço estagnou, o que ajuda a espalhar o ciclo de pobreza pela vizinhança.
A dificuldade geral para honrar as prestações coincide com o custo da energia mais alto em todo o país, especialmente o preço do óleo de calefação, que alimenta a caldeira que produz vapor para aquecer as casas no inverno.
A conta de energia por família americana no inverno deverá saltar de US$ 889 para US$ 977 neste ano, segundo previsão do Departamento de Energia dos EUA.
Nas casas que usam óleo para aquecimento -7% dos lares americanos, nas porções mais ao norte do país-, o gasto será maior. Com o barril de petróleo encostando em US$ 100 no decorrer do ano, o custo do óleo nos três meses de inverno será 22% maior, chegando, em média, a US$ 1.785 por família.
Os altos custos da energia ajudaram a elevar a inflação americana. O PPI (índice de preços ao produtor americano) chegou a 3,2% no mês de novembro, maior taxa desde 1973.

Imigrantes
A dona-de-casa Brenda Merced diz que "o inverno de Nova York é impossível sem calefação" -há dias em janeiro em que a sensação térmica bate em -20C. "Os imigrantes que vêm da América do Sul às vezes são surpreendidos, pois em seus países faz menos frio", avalia a filha de porto-riquenha.
Cerca de 33% dos moradores do Bronx definem-se como negros, e 50% declaram ter origem hispânica, segundo o Censo federal de 2006. Apenas 44% falam só inglês dentro de casa.
Dois moradores célebres ajudam a visualizar a cara do Bronx. A cantora pop Jennifer Lopez, filha de porto-riquenhos, costuma repetir em entrevistas que tem "orgulho" de ter nascido e se criado no distrito. O ex-secretário de Estado do governo Bush Colin Powell, filho de jamaicanos, também nasceu ali. (DANIEL BERGAMASCO)


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