São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Chávez volta para receber reféns

Presidente antecipa retorno de Cuba para preparar recepção a três seqüestrados que Farc prometem soltar

Segundo o venezuelano, operação será delicada porque "grupos ligados ao governo da Colômbia tentarão fazê-la fracassar"

DA REDAÇÃO

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, voltaria de Cuba ontem a seu país para finalizar os planos para receber os três reféns cuja soltura foi anunciada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na última terça. Segundo o jornal colombiano "El Tiempo", a soltura seria hoje ou amanhã em algum ponto da Venezuela.
Chávez, que fechou 14 acordos de cooperação com Cuba e participou de uma conferência sobre energia com países caribenhos e da América Central, a Petrocaribe, disse que a recepção dos seqüestrados será uma "operação delicada". Isso porque, para o presidente, alguns grupos na Colômbia -próximos do governo vizinho, aliado aos EUA- "tentarão evitar que a liberação seja bem-sucedida". "Mas a alcançaremos."
Para Chávez, o governo do colombiano Álvaro Uribe não quer a troca humanitária. "Apesar de dizerem que sim (...), não querem, já tínhamos pronta a fórmula para libertar os reféns, e o senhor presidente pôs abaixo tudo de um dia para o outro", afirmou.
As Farc anunciaram que entregariam três reféns a Chávez ou a quem ele escolhesse.
O ato, disse a guerrilha, seria um desagravo ao venezuelano, afastado em novembro das negociações entre o governo colombiano e a guerrilha por Uribe. Chávez mediava a troca de 45 reféns das Farc por 500 guerrilheiros presos. O afastamento desencadeou uma crise entre os vizinhos.
Na sexta-feira, Chávez afirmara estar disposto a tentar liberar outros reféns, mas que há pouco que pode fazer, pois "isso depende da vontade [dos dois lados] e, na Colômbia, sobretudo por parte do governo, não há vontade -nem mesmo de uma troca humanitária".
A senadora colombiana de esquerda Piedad Córdoba, que participava da mediação com Chávez, chegou ontem a Caracas, onde advertiu que a liberação poderá demorar mais do que o previsto. "Há muitas operações no país [Colômbia] e elas não serão suspensas, o que pode atrasar a libertação até que haja condições para garantir a segurança e integridade dos reféns." A senadora disse esperar um "sinal" de Chávez para acompanhá-lo na entrega. "Irei para onde ele indicar. Até agora não sei o dia nem a hora. Esperemos que seja o mais rapidamente possível", afirmou.
O governo venezuelano afirma ter unidades especiais de policiais e soldados prontos para receber os seqüestrados.

Reféns
Os três reféns que a guerrilha anunciou que libertaria são Clara Rojas, seu filho Emmanuel e Consuelo González.
Rojas era assessora da campanha presidencial de Ingrid Betancourt e foi seqüestrada com ela em fevereiro de 2002. Há três anos, deu à luz um menino, filho de um guerrilheiro -segundo o jornalista Jorge Enrique Botero, que revelou a história em um livro.
Perdomo, por sua vez, era deputada quando foi seqüestrada, em 2001. Em Bogotá, Patricia Perdomo, filha da ex-deputada de 57 anos, disse que "à medida que o tempo passa, aumenta a nossa ansiedade por não saber o que acontece".
Ela afirmou que a sua família de finaliza os preparativos para a recepção, e que será uma prioridade verificar o estado de saúde de González. "Estamos averiguando onde podem atendê-la, o mais importante é sabermos como está".
Situação parecida é vivida na casa de Clara González, mãe de Clara Rojas, que comprou roupas para seu neto e um livro que dará à filha pelo aniversário de 44 anos, na última quinta-feira.
"Estou à espera de novas notícias e providenciando um seguro médico para ela, que tomara que não necessite", disse.


Com agências internacionais


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