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Chávez volta para receber reféns
Presidente antecipa retorno de Cuba para preparar recepção a três seqüestrados que Farc prometem soltar
Segundo o venezuelano, operação será delicada porque "grupos ligados ao governo da Colômbia tentarão fazê-la fracassar"
DA REDAÇÃO
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, voltaria de Cuba
ontem a seu país para finalizar
os planos para receber os três
reféns cuja soltura foi anunciada pelas Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
na última terça. Segundo o jornal colombiano "El Tiempo", a
soltura seria hoje ou amanhã
em algum ponto da Venezuela.
Chávez, que fechou 14 acordos de cooperação com Cuba e
participou de uma conferência
sobre energia com países caribenhos e da América Central, a
Petrocaribe, disse que a recepção dos seqüestrados será uma
"operação delicada". Isso porque, para o presidente, alguns
grupos na Colômbia -próximos do governo vizinho, aliado
aos EUA- "tentarão evitar que
a liberação seja bem-sucedida".
"Mas a alcançaremos."
Para Chávez, o governo do
colombiano Álvaro Uribe não
quer a troca humanitária.
"Apesar de dizerem que sim
(...), não querem, já tínhamos
pronta a fórmula para libertar
os reféns, e o senhor presidente
pôs abaixo tudo de um dia para
o outro", afirmou.
As Farc anunciaram que entregariam três reféns a Chávez
ou a quem ele escolhesse.
O ato, disse a guerrilha, seria
um desagravo ao venezuelano,
afastado em novembro das negociações entre o governo colombiano e a guerrilha por Uribe. Chávez mediava a troca de
45 reféns das Farc por 500
guerrilheiros presos. O afastamento desencadeou uma crise
entre os vizinhos.
Na sexta-feira, Chávez afirmara estar disposto a tentar liberar outros reféns, mas que há
pouco que pode fazer, pois "isso
depende da vontade [dos dois
lados] e, na Colômbia, sobretudo por parte do governo, não há
vontade -nem mesmo de uma
troca humanitária".
A senadora colombiana de
esquerda Piedad Córdoba, que
participava da mediação com
Chávez, chegou ontem a Caracas, onde advertiu que a liberação poderá demorar mais do
que o previsto. "Há muitas operações no país [Colômbia] e
elas não serão suspensas, o que
pode atrasar a libertação até
que haja condições para garantir a segurança e integridade
dos reféns." A senadora disse
esperar um "sinal" de Chávez
para acompanhá-lo na entrega.
"Irei para onde ele indicar. Até
agora não sei o dia nem a hora.
Esperemos que seja o mais rapidamente possível", afirmou.
O governo venezuelano afirma ter unidades especiais de
policiais e soldados prontos para receber os seqüestrados.
Reféns
Os três reféns que a guerrilha
anunciou que libertaria são
Clara Rojas, seu filho Emmanuel e Consuelo González.
Rojas era assessora da campanha presidencial de Ingrid
Betancourt e foi seqüestrada
com ela em fevereiro de 2002.
Há três anos, deu à luz um menino, filho de um guerrilheiro
-segundo o jornalista Jorge
Enrique Botero, que revelou a
história em um livro.
Perdomo, por sua vez, era deputada quando foi seqüestrada,
em 2001. Em Bogotá, Patricia
Perdomo, filha da ex-deputada
de 57 anos, disse que "à medida
que o tempo passa, aumenta a
nossa ansiedade por não saber
o que acontece".
Ela afirmou que a sua família
de finaliza os preparativos para
a recepção, e que será uma
prioridade verificar o estado de
saúde de González. "Estamos
averiguando onde podem atendê-la, o mais importante é sabermos como está".
Situação parecida é vivida na
casa de Clara González, mãe de
Clara Rojas, que comprou roupas para seu neto e um livro que
dará à filha pelo aniversário de
44 anos, na última quinta-feira.
"Estou à espera de novas notícias e providenciando um seguro médico para ela, que tomara que não necessite", disse.
Com agências internacionais
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