São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Rússia estende mandato presidencial

Aumento de 4 para 6 anos só depende da sanção de Medvedev e é visto como parte de manobra para Putin ter o cargo até 2021

Pela tese, presidente abriria mão do posto já em 2009 e convocaria nova eleição, na qual o hoje premiê poderia concorrer a novo mandato


Mikhail Klimentyev - 17.dez.08/Associated Press/RIA Novosti
Medvedev (esq.) e Putin, em reunião nos arredores de Moscou; premiê já admitiu retorno à Presidência, mas apenas em 2012

DA REDAÇÃO

A câmara alta do Parlamento russo (Conselho da Federação) aprovou ontem, por unanimidade, a emenda constitucional que amplia o mandato presidencial de 4 para 6 anos. A entrada em vigor da medida -nas próximas eleições, previstas para 2012- agora depende apenas de uma protocolar sanção do presidente Dmitri Medvedev, autor da proposta.
O texto, apresentado no começo de novembro, já havia sido aprovado pela Duma (câmara baixa) em três leituras, pela câmara alta em uma primeira votação e pelo mínimo de dois terços dos Legislativos dos 83 territórios e regiões que compõem a Federação Russa. Todos essas instâncias são, em sua larga maioria, pró-Kremlin.
A medida -primeira emenda à Constituição de 1993- é considerada por críticos e analistas parte de uma manobra que beneficiaria o ex-presidente e atual premiê Vladimir Putin em um eventual retorno ao poder. Eleito em 2000 e 2004, Putin deixou a Presidência em maio, quando expirou seu segundo mandato, e conseguiu eleger o aliado Medvedev.
Segundo essa versão, o atual presidente renunciaria ainda em 2009, provocando a antecipação do pleito, no qual Putin estaria desimpedido de concorrer devido ao interregno de meses entre o segundo e o terceiro termo. Confirmada uma provável vitória, o premiê assumiria com potenciais 12 anos de mandato, com término em 2021.
Em um programa anual de televisão, realizado no começo do mês, Putin não descartou voltar à Presidência, mas só em 2012. Na ocasião, o premiê elogiou a extensão do mandato. "Seis anos para o presidente em um país tão complicado é plenamente justificável", afirmou.
Medvedev, porém, não negou nem admitiu a possibilidade quando indagado por jornalistas, no mês passado, sobre uma eventual renúncia. A emenda prevê também a ampliação do mandato dos parlamentares de 4 para 5 anos.
Mas os planos de Putin e Medvedev vêm enfrentando um revés com a precipitação da crise econômica global. Nos últimos dias, protestos têm sido registrados em várias cidades no leste do país devido ao anúncio de um aumento de tarifas de importação de carros, que visa preservar a indústria nacional.

Diplomacia
Ontem, o número um para América Latina do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Shannon, reuniu-se com representantes do governo russo em Moscou para discutir o recente aumento de interesse da Rússia na região.
Recentemente, Medvedev visitou Brasil, Cuba, Peru e Venezuela, além de ter promovido exercícios navais com Caracas. Para Shannon, o interesse russo é comercial, não ideológico.


Com agências internacionais


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