São Paulo, quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

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Ahmadinejad rejeita prazo dos EUA para dar resposta nuclear

Presidente diz que o Irã "não tem medo das sanções" que o Ocidente ameaça impor se país não aceitar pacto proposto

EUA afirmam que prazo até o fim do ano é "muito real"; para iraniano, país e regime estão agora "dez vezes mais fortes do que um ano atrás"


DA REDAÇÃO

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou, em discurso a milhares de partidários em um estádio na cidade de Shiraz (sul) ontem, o prazo até o final deste ano dado pelas potências ocidentais ao país para responder à proposta de acordo nuclear em discussão.
Ahmadinejad afirmou que os EUA e os seus aliados podem dar "quantos prazos quiserem, [porque] não nos importamos".
"Não temos medo de novas sanções e não estamos intimidados", disse o iraniano, em referência às ameaças das potências ocidentais de buscar a aplicação de uma nova rodada de restrições ao Irã no caso de o país não responder ao acordo sobre a mesa -ou fazê-lo negativamente- até o fim do ano.
Pela proposta apresentada pelo P5+1 -EUA, Reino Unido, China, França, Rússia e Alemanha-, o Irã enviaria o seu urânio para ser enriquecido no exterior. Mas Teerã já disse que só aceitaria o acordo se recebesse o urânio enriquecido antes ou simultaneamente ao envio do seu estoque.
As potências ocidentais suspeitam que o programa nuclear iraniano vise produzir a bomba, mas o Irã nega, alegando buscar a produção de energia -o que pode fazer pelo Tratado de Não Proliferação, do qual é signatário, desde que em colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica.
"Se o Irã quisesse a bomba, nós teríamos a coragem para dizê-lo", disse o iraniano aos partidários, que entoavam gritos de "amamos Ahmadinejad".
Em resposta às declarações do iraniano, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o prazo até o final do ano é "muito real" e que os primeiros passos para a aplicação de sanções já estão sendo tomados.
O presidente do Irã negou também que os recorrentes protestos desde a sua contestada reeleição, em junho -que tiveram anteontem um novo capítulo no funeral do grão-aiatolá Hossein Ali Montazeri-, o tenham enfraquecido. "O povo e o regime do Irã estão dez vezes mais fortes do que há um ano. (...) É impossível ao Irã permitir que os EUA dominem o Oriente Médio", completou.

"Papéis forjados"
Em entrevista a uma emissora americana veiculada anteontem, Ahmadinejad qualificou de "monte de papel forjado" supostos documentos, revelados na semana passada pelo jornal "The Times", segundo os quais Teerã busca a produção de um componente crucial para a detonação de uma ogiva nuclear.
O iraniano disse à ABC News que os dados que o jornal britânico afirma terem sido obtidos por serviços secretos ocidentais são "forjados e disseminados pelo governo dos EUA".
Segundo o "Times", o documento interno do Irã de 2007 menciona a intenção de desenvolver em quatro anos um iniciador de nêutrons, cuja finalidade exclusiva é a de detonar ogivas atômicas.

Com agências internacionais



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