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Ahmadinejad rejeita prazo dos EUA para dar resposta nuclear
Presidente diz que o Irã "não tem medo das sanções" que o Ocidente ameaça impor se país não aceitar pacto proposto
EUA afirmam que prazo até o fim do ano é "muito real"; para iraniano, país e regime estão agora "dez vezes mais fortes do que um ano atrás"
DA REDAÇÃO
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou,
em discurso a milhares de partidários em um estádio na cidade de Shiraz (sul) ontem, o prazo até o final deste ano dado pelas potências ocidentais ao país
para responder à proposta de
acordo nuclear em discussão.
Ahmadinejad afirmou que os
EUA e os seus aliados podem
dar "quantos prazos quiserem,
[porque] não nos importamos".
"Não temos medo de novas
sanções e não estamos intimidados", disse o iraniano, em referência às ameaças das potências ocidentais de buscar a aplicação de uma nova rodada de
restrições ao Irã no caso de o
país não responder ao acordo
sobre a mesa -ou fazê-lo negativamente- até o fim do ano.
Pela proposta apresentada
pelo P5+1 -EUA, Reino Unido,
China, França, Rússia e Alemanha-, o Irã enviaria o seu urânio para ser enriquecido no exterior. Mas Teerã já disse que
só aceitaria o acordo se recebesse o urânio enriquecido antes ou simultaneamente ao envio do seu estoque.
As potências ocidentais suspeitam que o programa nuclear
iraniano vise produzir a bomba, mas o Irã nega, alegando
buscar a produção de energia
-o que pode fazer pelo Tratado
de Não Proliferação, do qual é
signatário, desde que em colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica.
"Se o Irã quisesse a bomba,
nós teríamos a coragem para
dizê-lo", disse o iraniano aos
partidários, que entoavam gritos de "amamos Ahmadinejad".
Em resposta às declarações
do iraniano, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse
que o prazo até o final do ano é
"muito real" e que os primeiros
passos para a aplicação de sanções já estão sendo tomados.
O presidente do Irã negou
também que os recorrentes
protestos desde a sua contestada reeleição, em junho -que tiveram anteontem um novo capítulo no funeral do grão-aiatolá Hossein Ali Montazeri-, o
tenham enfraquecido. "O povo
e o regime do Irã estão dez vezes mais fortes do que há um
ano. (...) É impossível ao Irã
permitir que os EUA dominem
o Oriente Médio", completou.
"Papéis forjados"
Em entrevista a uma emissora americana veiculada anteontem, Ahmadinejad qualificou
de "monte de papel forjado" supostos documentos, revelados
na semana passada pelo jornal
"The Times", segundo os quais
Teerã busca a produção de um
componente crucial para a detonação de uma ogiva nuclear.
O iraniano disse à ABC News
que os dados que o jornal britânico afirma terem sido obtidos
por serviços secretos ocidentais são "forjados e disseminados pelo governo dos EUA".
Segundo o "Times", o documento interno do Irã de 2007
menciona a intenção de desenvolver em quatro anos um iniciador de nêutrons, cuja finalidade exclusiva é a de detonar
ogivas atômicas.
Com agências internacionais
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