São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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Segurança privada infla preços no Iraque

Segundo papéis revelados pelo WikiLeaks, Halliburton relatou haver máfia entre empresas para elevar valores

Diretor não identificado da megaconstrutora diz que preço é um ultraje; segurança no país tem melhorado desde 2007

DE SÃO PAULO

Diretores da megaconstrutora americana Halliburton no Iraque acusaram empresas particulares de segurança de operar uma "máfia" para elevar "ultrajantes preços" cobrados por seus serviços.
O episódio é relatado em um dos mais de 250 mil documentos diplomáticos americanos revelados pelo site WikiLeaks e foi divulgado ontem pelo jornal "Guardian".
Redigido por um diplomata dos EUA lotado na base de Basra, o texto explicita tensões existentes entre empresas, firmas de segurança privada e o governo iraquiano.
"A Halliburton no Iraque descreveu uma "máfia" dessas empresas [de segurança privada] para exagerar nas ameaças à segurança", diz.
"[A empresa americana] disse que recebe com frequência o que considera relatórios "questionáveis" sobre a vulnerabilidade dos seus empregados", afirma o relato.
"Disse ainda ter visto recentemente documentos internos de uma empresa de segurança em que seus funcionários são instruídos a enfatizar o persistente perigo enfrentado por empresas internacionais de petróleo [área em que a Halliburton atua]."
Segundo o documento diplomático, chega a custar US$ 6.000 a contratação de serviços privados de segurança em Basra por quatro horas. A proteção inclui quatro agentes de segurança, motoristas e ainda três ou quatro veículos blindados.

MENOS MORTES
As queixas são reforçadas ainda pelo fato de o Iraque registrar melhora acentuada na segurança desde 2007.
A queda contínua no número de mortes é atribuída a uma revisão estratégica promovida pelo então presidente dos EUA George W. Bush (2001-09), que incluiu o aumento significativo de soldados no país e acordos com grupos insurgentes locais.
A Halliburton já teve como CEO o vice-presidente nos anos Bush, Dick Cheney.
No final de 2008, os EUA e o Iraque estabeleceram um cronograma de retirada do país que foi preservado pelo presidente Barack Obama.
Em agosto deste ano, Obama anunciou a saída das últimas tropas de combate do país. A retirada completa do Iraque, invadido em março de 2003, está prevista para o final de 2011.


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