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IRAQUE OCUPADO
David Kay, que chefiou busca por armas iraquianas, deixa cargo e diz não crer que elas existam em grande escala
Ex-inspetor dos EUA não vê arsenal proibido
DA REDAÇÃO
David Kay, o americano que
passou sete meses no Iraque no
comando de uma equipe de 1.200
especialistas em busca das supostas armas de destruição em massa
do ex-ditador Saddam Hussein,
deixou o cargo ontem e disse não
acreditar na existência de um arsenal proibido no país.
"Não creio que elas [as armas de
destruição em massa] tenham
existido. O que todos falam é em
armas produzidas depois do fim
da Guerra do Golfo [1991], e eu
não acho que tenha havido um
programa de produção em grande escala nos anos 90", disse Kay à
agência de notícias Reuters.
Kay afirmou crer também que a
maior parte do que pode ser encontrado sobre o arsenal já o foi
-trata-se de documentos que indicam planos de tentar produzir
as armas, aparentemente não
concretizados.
É a primeira vez que Kay ou
uma autoridade americana afirma taxativamente não acreditar
no arsenal iraquiano, citado pelos
EUA e pelo Reino Unido como a
maior justificativa para a guerra.
Em outras ocasiões, o especialista já dissera não ter encontrado
indícios da produção proibida,
mas não descartara sua existência. O parecer era semelhante ao
dos inspetores de armas da ONU,
que deixaram o Iraque às vésperas da guerra, iniciada em março.
Kay, um ex-conselheiro da CIA
que conduziu o Grupo de Pesquisa do Iraque na investigação sobre
as armas, deixou o cargo ontem
por sua própria vontade. Ele será
substituído por Charles Duelfer,
subchefe de inspeção de armas da
ONU entre 1993 e 2000.
O jornal americano "The New
York Times" descreve Duelfer como um "cético", e sua escolha como um revés para aqueles que
ainda contam com o arsenal como justificativa para a invasão do
Iraque. "A perspectiva de encontrar armas químicas ou biológicas
no Iraque é próxima de zero neste
momento", disse o inspetor durante uma entrevista no último
dia 9 à rede de TV PBS.
Nos meses que precederam a
guerra, os governos de George W.
de Bush e de seu aliado britânico,
Tony Blair, davam a existência do
arsenal como certa e ameaçadora.
Se provado que ele nunca saiu do
papel, a credibilidade do presidente pode virar o tema central da
corrida presidencial americana,
na qual ele busca a reeleição.
Chegaram ontem ao Iraque dois
funcionários da ONU que avaliarão a situação de segurança no
país, à qual está condicionada a
decisão do secretário-geral, Kofi
Annan, de enviar de uma missão
técnica para estudar a viabilidade
de eleições diretas neste ano.
A entidade retirou seus funcionários do Iraque no fim de 2003
após ter sua sede no país atingida
por dois atentados, que mataram
ao todo 24 pessoas.
O aiatolá Ali al Sistani, que lidera a demanda xiita por eleições diretas no país, pediu a seus seguidores que suspendam os protestos até que a ONU dê seu parecer
sobre a viabilidade do pleito.
Tanto Al Sistani quanto os EUA
pediram a intervenção da ONU
no impasse. Os EUA afirmam não
haver tempo hábil para realizar
um censo nacional e promulgar
uma nova Constituição neste ano,
duas condições fundamentais para garantir resultados confiáveis
na votação direta. Al Sistani, por
sua vez, diz que um pleito indireto
não resultaria na escolha de um
governo que representasse legitimamente a população iraquiana.
Uma outra proposta está em
consideração, de acordo com
uma reportagem do "Times". Adnan Pachachi, atual ocupante da
presidência rotativa do Conselho
de Governo Iraquiano, sugeriu
que o grupo seja expandido e se
transforme em uma assembléia
parlamentar interina, com a responsabilidade de organizar eleições diretas até o fim do ano. O
conselho, hoje com 25 membros,
passaria a ter 125.
Um helicóptero dos EUA caiu
no norte do Iraque, matando dois
militares, segundo as Forças Armadas. A causa da queda não foi
divulgada. Com isso, subiu para
507 o número de militares americanos mortos no Iraque desde o
início da guerra, em 20 de março.
Halliburton
A Halliburton, empresa ligada
ao vice-presidente Dick Cheney
que está sendo auditada por superfaturar combustível no Iraque,
anunciou que alguns de seus funcionários podem ter aceito propina. Os pagamentos viriam de uma
empresa do Kuait que lhe fornecia
o combustível, revendido por um
preço acima do mercado.
Com agências internacionais
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