São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Kerry é favorecido

Em debate, candidatos se unem contra Bush

DA REDAÇÃO

No último debate antes das primárias de New Hampshire, os sete pré-candidatos à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata estabeleceram uma trégua entre si e concentraram as críticas no presidente George W. Bush. Sem um vencedor claro, o evento acabou beneficiando mais o senador John Kerry, que agora lidera as pesquisas entre os democratas e não foi alvo de críticas.
O tom civilizado do debate de duas horas em Manchester (New Hampshire) contrastou bastante com a rotina da disputa no campo democrata, em que vinham predominando as acusações fratricidas. Os moderadores do debate tentaram sem sucesso criar polêmicas, mas os pré-candidatos se recusaram a morder todas as iscas lançadas.
"Este é um momento para sermos positivos. Eu diria "bela tentativa'", foi a resposta do senador Joe Lieberman ao jornalista da ABC Peter Jennings, quando este perguntou se o pré-candidato achava que Kerry e Howard Dean não estavam mostrando firmeza em suas críticas a Bush a respeito de valores sociais.

"Berros e gritos"
"Ninguém se destacou. Ninguém cometeu erros. Foi uma boa noite para os democratas. Dean está tentando manter sua base, embora ainda esteja um pouco tímido. Ele ainda não se recuperou", avaliou Donna Brazile, diretora da campanha presidencial de Al Gore em 2000.
Dean manteve o mesmo comportamento dos últimos dias, procurando parecer contido e sereno. "Vocês devem notar que estou um pouco rouco. Não é por causa dos meus berros e gritos depois do terceiro lugar em Iowa. É porque estou resfriado", disse na primeira oportunidade que teve para comentar as críticas que recebeu pelo exaltado discurso que fez após o anúncio oficial dos resultados do caucus.
A fala de Dean proporcionou ao reverendo e ativista Al Sharpton o momento mais engraçado da noite. "Eu gostaria de dizer ao governador Dean que não fosse tão duro consigo mesmo. Se tivesse gastado o dinheiro que você gastou e só conseguido 18% [dos votos], eu ainda estaria em Iowa gritando e berrando", disse Sharpton.
A preocupação comum a todos os pré-candidatos era transmitir ao eleitor democrata a sensação de que são capazes de enfrentar os ataques do presidente republicano durante a campanha -pesquisas indicam que essa é uma causa de inquietação entre os simpatizantes do partido.
"Espero com prazer a oportunidade por este duelo. É uma luta que nós venceremos", disse John Kerry quando questionado se temia ser rotulado pela Casa Branca como o típico "democrata gastador e criador de impostos" -o senador por Massachusetts e outros pré-candidatos do partido pretendem derrubar pelo menos parte dos cortes de impostos feitos por Bush.
O general da reserva Wesley Clark afirmou que Bush falhou ao não adotar as medidas necessárias para proteger o país dos ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono. "Antes do 11 de Setembro, ele não fez tudo o que poderia ter feito para tornar este país seguro. Depois dos ataques, ele nos levou a uma guerra que não precisávamos lutar, e Osama bin Laden e a Al Qaeda continuam fortes. Nós estamos em estado de alerta laranja contra ataques terroristas."
A três dias da eleição primária de New Hampshire, as pesquisas de intenção de voto indicam vantagem de Kerry sobre Dean. Sondagem MSNBC/Reuters/Zogby feita entre terça-feira e anteontem com 601 possíveis eleitores coloca Kerry com 30%, Dean com 22% e Clark com 14%. A margem de erro é de 4,1 pontos percentuais, para mais ou para menos.


Com agências internacionais


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