São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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China confirma destruição de um satélite já em órbita

Teste ocorreu no dia 11 e foi denunciado pelos EUA, que temem ameaça chinesa

Destruição se deu por míssil que atingiu o alvo a 800 km de altura, a mesma órbita em que circulam os satélites de espionagem americanos

DA REDAÇÃO

A China confirmou ontem que no último dia 11 lançou em direção ao espaço um míssil balístico de médio alcance que destruiu um de seus antigos satélites meteorológicos.
A informação não surpreendeu os Estados Unidos, que se vêm ameaçados em sua supremacia espacial e passam a temer que essa demonstração de força represente um risco potencial a seus próprios satélites, sobretudo aos lançados para a espionagem militar.
O Pentágono havia detectado o teste no momento em que ele ocorreu, mas o manteve em sigilo, esperando que Pequim explicitasse suas intenções.
A informação foi então vazada na semana passada para a revista "Aviation Week", o que provocou um debate no Japão, Austrália e Reino Unido, em que especialistas e responsáveis pelo primeiro escalão da defesa sentiram-se ameaçados pelo "aquecimento dos músculos dos chineses" e pela demonstração de controle dessa tecnologia de destruição.
O último teste do gênero foi praticado pelos Estados Unidos, em 1985. Ao lado da Rússia, Washington constatara que, ao destruir um alvo que colocou em órbita, acabava por espalhar pelo espaço detritos que poderiam em seguida danificar satélites civis de outros países.

"Contra a militarização"
A confirmação de que Pequim entrara no páreo foi fornecida ontem pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Jianchao. Ele afirmou que a China demonstrou ser "responsável", ao alertar Washington e Tóquio, mesmo com atraso, de que o teste de destruição havia ocorrido.
Também disse que seu país "se opõe à militarização do espaço" e afirmou que o teste não representa ameaça a terceiros.
No fim de semana os chineses já haviam se referido ao teste ao receberem Christopher Hill, que dirige no Departamento de Estado o departamento asiático. Ele pediu que "haja mais transparência" no programa militar chinês, "para evitar mal-entendidos".
A destruição do dia 11 ocorreu com um satélite em baixa órbita, a 800 km de altitude. Trata-se da mesma altura em que circulam os satélites americanos de observação militar, que fornecem imagens sobre movimentações suspeitas em países como a Coréia do Norte, Afeganistão e Iraque.
Taiwan sentiu-se particularmente ameaçada, por acreditar que, em caso de tensões com a China continental, Pequim inutilize o satélite americano utilizado para sua proteção.
O Pentágono acredita que a China gaste bem mais que os US$ 35 bilhões anuais que declara como seu Orçamento de defesa. Desde 1989 o país é objeto de um embargo de produtos militares ocidentais, mas teve tempo e recursos para desenvolver tecnologia própria na construção de mísseis, reatores nucleares e caças como o Jian-10, com a mesma capacidade dos ocidentais.
Esse esforço armamentista assusta sobretudo o Japão, que se disse ontem "profundamente preocupado" e considerou "insuficientes" as explicações do porta-voz chinês.


Com agências internacionais


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