São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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Protesto da oposição contra Chávez atrai pouco público

Oposicionistas pedem convocação de Constituinte

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O primeiro protesto da oposição contra as recentes medidas anunciadas por Hugo Chávez reuniu ontem apenas algumas centenas de opositores no centro de Caracas. Mais tarde, uma comissão foi ao Parlamento entregar um documento exigindo a convocação de uma Assembléia Constituinte no lugar da reforma constitucional anunciada pelo presidente.
O público, reunido na praça Morelos, era formado basicamente por pessoas de meia-idade e de classe média. Uma marcha planejada para seguir até a Assembléia acabou cancelada. A segurança, a cargo de dezenas de policiais armados com escudos transparentes, era claramente desproporcional ao tamanho da concentração. Não houve registro de incidentes.
A concentração foi convocada por partidos que reúnem a nova oposição venezuelana, como o Primeiro Justiça, do ex-deputado Julio Borges, e Um Novo Tempo, do governador Manuel Rosales, ex-candidato presidencial da oposição, ausente ontem. Os partidos mais tradicionais, AD (Ação Democrática e Copei (Partido Social-Cristão), que se revezaram no poder de 1958 a 1994, ficaram de fora.
No manifesto lançado, "Diante da Ameaça do Socialismo Autoritário: Rebeldia Democrática", a oposição faz alusão à queda do ditador militar Marcos Pérez Jiménez -que ontem, 23 de janeiro, completou 49 anos- para condenar "o caminho obscurantista de "socialismo ou morte'" de Chávez.
Mais tarde, uma comissão de ex-parlamentares da oposição foi à Assembléia Nacional entregar a proposta de eleger uma nova Constituinte.
Todos os parlamentares atualmente são governistas por causa do boicote promovido nas últimas eleições legislativas, em 2005, pelos partidos oposicionistas, sob a acusação de que o Conselho Nacional Eleitoral favorece Chávez.

Adiamento
A Assembléia Nacional adiou por uma semana a segunda votação da Lei Habilitante, prevista para ontem. Essa lei dará a Chávez poder de emitir decretos com força de lei, sem necessidade de passar pelo Legislativo. O governo estima que haverá de 45 a 60 decretos desse tipo nos próximos 60 dias.
A presidente da Assembléia, a governista Cilia Flores, disse que o atraso servirá para "incorporar as propostas que estão surgindo das consultas públicas realizadas através do parlamentarismo social de rua".


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