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Líder no Iêmen é ex-preso de Guantánamo, diz Al Qaeda
Episódio ressalta obstáculo ao fechamento da prisão
ROBERT WORTH
DO "NEW YORK TIMES", EM BEIRUTE
Potenciais complicações do
fechamento de Guantánamo
-ordenado na quinta pelo presidente dos EUA, Barack Obama- foram enfatizadas ontem
pelo surgimento de um ex-detento da prisão militar como vice-líder da Al Qaeda no Iêmen.
Said al Shihri, 35, é suspeito
de participar de um atentado
contra a Embaixada dos EUA
em Sana que matou dez pessoas em setembro. Ele foi solto
e entregue à custódia da Arábia
Saudita em 2007 e ali passou
por um programa de reabilitação de combatentes islâmicos
até ressurgir na Al Qaeda.
Sua posição foi anunciada em
comunicado do grupo na internet e confirmada por um agente americano de contraterrorismo. "Trata-se do mesmo sujeito", disse o funcionário, sob
condição de anonimato. "Ele
voltou à Arábia Saudita em
2007, mas como chegou ao Iêmen continua a ser incerto."
Um jornalista iemenita que
entrevistou os líderes da Al
Qaeda no Iêmen um ano atrás,
Abduela Shaya, também confirmou a identidade. Ele disse
que Shihri descreveu sua viagem de Cuba ao Iêmen e forneceu seu número em Guantánamo, 372. O número bate com
documentos do Pentágono.
O Departamento da Defesa
dos EUA chegou a afirmar que
dezenas de ex-prisioneiros de
Guantánamo "voltaram à luta",
mas a alegação, difícil de documentar, é vista com ceticismo.
De qualquer forma, o desdobramento surge em um momento em que congressistas
republicanos criticam o plano
de fechar o campo de detenção
militar americano em Cuba
sem que haja outras medidas
para lidar com os prisioneiros.
Quase metade dos cerca de
250 detentos é iemenita, e os
esforços para repatriá-los dependem da criação de um programa de reabilitação no país
em parte financiado pelos EUA.
Segundo dados do Pentágono, Shihri treinou táticas de
guerra urbana em um acampamento afegão. Duas semanas
após o 11 de Setembro, ele foi ao
Afeganistão via Bahrein e Paquistão. Foi ferido em um ataque aéreo e passou 45 dias em
um hospital paquistanês.
Os documentos dizem que
Shihri se reuniu com um grupo
de "extremistas" no Irã e ajudou a infiltrá-los no Afeganistão. Também informam que ele
foi acusado de tentar organizar
o assassinato de um escritor.
Mas, em uma seção que descrevia possíveis motivos para
que fosse solto de Guantánamo, os documentos dizem que
Shihri alegou ter viajado ao Irã
para "adquirir tapetes para sua
loja em Riad" e que ele negou
conhecer os terroristas, relatando que, "se libertado, provavelmente retornaria a Riad para se unir à sua família".
O Iêmen começou a cooperar
com os EUA no fim de 2001,
mas a parceria tem se provado
complicada, e alguns suspeitos-chave escaparam misteriosamente de prisões no país.
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