São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 |
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Itamaraty mobiliza embaixadas pela FAO Candidatura tenta reverter série de derrotas em disputas por cargos internacionais CLAUDIA ANTUNES DO RIO Dois dias depois de o Brasil oficializar sua candidatura à direção-geral da FAO (agência da ONU para agricultura e alimentação), José Graziano da Silva abre hoje a campanha na Etiópia, onde começa a cúpula anual da União Africana. O Itamaraty instruiu as embaixadas a dar prioridade à disputa. Ela é a mais importante desde que o país perdeu por um voto, para um candidato australiano apoiado pelos EUA, a eleição para dirigir a OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), em 2008. O caso da OMPI foi o último importante na série de derrotas durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que incluíram as eleições na OMC (Organização Mundial do Comércio), no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e na UIT (União Internacional de Telecomunicações). A eleição será entre os dias 25 de junho e 2 de julho. São vários turnos, nos quais os menos votados vão sendo eliminados. A FAO é a segunda maior agência das Nações Unidas, depois da OMS (Organização Mundial da Saúde). O professor Graziano trabalhou no programa Fome Zero sob Lula e, há quatro anos, dirige o escritório latino-americano da FAO, do qual se licenciou para fazer campanha. O total de candidatos inscritos será divulgado em fevereiro, porém, por enquanto seu principal concorrente é o ex-chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos. Concorrerão também o indonésio Indroyono Soesilo e outros nomes do Iraque e do Irã. A organização é dirigida há 16 anos por Jacques Diouf, do Senegal. PESO DA ÁFRICA Os 53 votos da África somam um quarto dos países-membros da FAO. O Brasil corteja a região com novas embaixadas e projetos de cooperação técnica. Em 2010, mandou um avião buscar ministros africanos para encontro na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Brasília. Serão necessários cerca de 75 votos para a vitória. Graziano já tem o apoio declarado dos 12 membros da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e dos 8 da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Ele contaria com o voto sul-africano e de países do Leste Europeu. Além da influência que vem com o cargo, a FAO é relevante como palco de questionamento dos subsídios agrícolas da Europa, cujos excedentes são vendidos aos africanos, deprimindo a produção local. O Brasil espera que isso seja um dos seus trunfos contra Moratinos. No entanto, o espanhol tem boa entrada na África, na América Central e no Caribe. Além de antiga potência colonial, a Espanha é o sexto maior doador mundial de ajuda ao desenvolvimento, posição que manteve apesar da crise econômica. Graziano comparecerá à Cúpula América do Sul-Países Árabes, que acontece em fevereiro. Mesmo que os árabes optem por nomes de sua região no começo do processo eleitoral, eles podem vir a apoiar o brasileiro nos turnos seguintes. Os EUA ainda não declararam voto. Texto Anterior: "Baby Doc" quer doar sua conta na Suíça Próximo Texto: Planalto quer levar empresas para o exterior Índice | Comunicar Erros |
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