São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ONU acha difícil eleição em 2004

DA REDAÇÃO

Se os iraquianos colocarem uma comissão eleitoral "independente e autônoma" em vigor imediatamente, o país poderá promover eleições diretas já no fim deste ano, ainda que as probabilidades sejam pequenas devido à alta fragmentação política. A avaliação é do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e leva em conta o parecer de seu enviado ao país, Lakhdar Brahimi, após uma semana de trabalho no local.
"Se o trabalho começar imediatamente e houver consenso político rapidamente, será possível promover eleições no fim de 2004", diz Annan em relatório ao Conselho de Segurança da ONU.
Mas Brahimi e sua equipe acreditam que os iraquianos possam demorar até 2005 para criar as condições legais para o pleito.
A ONU foi convidada a mediar o debate após os EUA, que comandam a Autoridade Provisória da Coalizão (APC), e os xiitas, que compõem a maioria da população (60%), terem chegado a um impasse. A APC fixou o dia 30 de junho para devolver a soberania aos iraquianos. Mas, enquanto os EUA defendiam que o governo que assumisse nessa data fosse eleito indiretamente, por não haver tempo para organizar diretas antes de 2005, os xiitas exigiam a votação popular.
A ONU endossou a opinião americana ao constatar que, até 30 de junho, não haverá como recadastrar todo o eleitorado e promulgar uma nova Constituição, já que nem a Carta nem o registro usados na ditadura de Saddam Hussein (1979-2003) seriam aplicáveis hoje . Mas os EUA acham prematuro realizar eleições mesmo no final deste ano.
Outro problema é o modelo eleitoral. Os xiitas aceitam o adiamento das diretas, mas rechaçam o sistema proposto por Washington -que prevê um complicado esquema de convenções regionais- e pedem hegemonia no governo interino. Já os EUA aceitam alterar o modelo, mas ainda não propuseram alternativas.
Procurada pelos dois lados, a ONU ainda não fez sua recomendação. Em vez de apontar para um determinado modelo, o relatório cita uma série de opções.
As duas principais são a instalação de um governo interino formado por tecnocratas e a expansão do atual Conselho de Governo Iraquiano, que de um órgão consultivo com 25 integrantes passaria a ser uma espécie de Assembléia Legislativa interina com até 200 assentos.
Outras possibilidades, mais remotas, são restaurar a monarquia, escolher o governo em uma conferência nacional de representantes locais ou elegê-lo em um fórum de lideranças políticas, étnicas e religiosas.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Iraque ocupado: Sexto atentado no mês mata ao menos 7
Próximo Texto: Oriente Médio: Tribunal da ONU analisa barreira
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.