São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2007

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EUA sabem pouco sobre o Irã, diz jornal

"Guardian" diz que inspetores da ONU não confirmaram indicações da CIA; Blair teme ação americana

DA REDAÇÃO

Inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica não conseguiram confirmar informações transmitidas pelos serviços de inteligência dos EUA sobre atividades ilícitas do Irã. Eram quase sempre falsas pistas, o que reforça a idéia de que o governo Bush tateia numa questão para ele prioritária.
Detalhes sobre o grau de desinformação de Washington foram passados ao jornal britânico "The Guardian" por um informante anônimo, mas bem situado na hierarquia da AIEA.
A questão está em pauta em razão do descumprimento, pelo Irã, do prazo dado pelo Conselho de Segurança para que interrompesse o enriquecimento de urânio. Relatório da AIEA divulgado anteontem mostra que, ao contrário, Teerã intensificou seu programa nuclear.
O "Guardian" diz que os serviços de inteligência dos EUA entregaram à AIEA uma relação de locais em que os iranianos teriam laboratórios de componentes de bombas atômicas. Os inspetores estiveram nas instalações e não encontraram atividades suspeitas.
O informante também narra o episódio de um laptop furtado pela CIA no Irã e que teria o desenho para a construção de uma ogiva nuclear. A AIEA interpelou os iranianos, que argumentaram ser uma farsa.
É provável que tenham razão, porque um programa militar secreto não passeia pelo hard disk de um laptop, e também porque todas as anotações estavam em inglês, com nenhuma palavra em persa.
Há pouco mais de um ano, no livro "State of War" (estado de guerra), o jornalista americano James Risen, do "New York Times", argumentou que a CIA havia perdido toda a sua rede de espiões no Irã, em 2004, depois que, em Washington, uma funcionária daquele serviço de inteligência incluiu um agente duplo como destinatário de uma mensagem criptografada e que identificava parte da rede.

Temor de Blair
O jornal "Times", de Londres, afirma que o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, teme que os radicais em Washington desencadeiem uma operação militar contra o Irã e que ele, preventivamente, procura se dissociar da iniciativa.
Ontem, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, disse em uma entrevista à TV ABC que "todas as opções estão na mesa" para resolver a questão.
Nesta segunda-feira os membros permanentes do Conselho de Segurança reúnem-se em Londres, em companhia da Alemanha, para estudar novas sanções ao regime islâmico.


Com agências internacionais


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