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Por Malvinas, Lula critica britânicos e ONU
Brasileiro afirma no México que "não é possível" que Nações Unidas não tomem a decisão de que as ilhas são argentinas
Presidente liga inatividade de organismo sobre o tema ao fato de Reino Unido ser membro permanente do Conselho de Segurança
Presidência da Venezuela/Reuters
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Lula e auxiliares assistem a discurso do venezuelano Hugo Chávez em Cancún
SIMONE IGLESIAS
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADOS ESPECIAIS A CANCÚN
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a posição do Reino Unido, que já está prospectando petróleo nas
águas das Malvinas, e a da
ONU, por não intervir para defender as pretensões argentinas de soberania sobre as ilhas.
Criticou ainda os EUA ao dizer
que as potências tornam as Nações Unidas irrelevantes em
questões mundiais.
Lula questionou durante seu
discurso no fim da Cúpula da
Unidade da América Latina e
do Caribe, no México, o fato de
as ilhas pertencerem ao Reino
Unido -algo que remonta à
presença britânica estabelecida em 1833.
"Qual é a explicação geográfica, política e econômica de a Inglaterra estar nas Malvinas?
Qual é a explicação política das
Nações Unidas já não terem tomado uma decisão dizendo:
"Não é possível que a Argentina
não seja dona das Malvinas e
seja um país que está a 14 mil
km de distância das Malvinas?'", questionou Lula.
"Será que é o fato de a Inglaterra participar como membro
permanente do Conselho de
Segurança das Nações Unidas,
e eles podem tudo e os outros
não podem nada?", indagou. A
presidente argentina, Cristina
Kirchner, que na véspera criticara em discurso a seus pares a
decisão britânica de prospectar
petróleo nas proximidades das
Malvinas, já tinha deixado a cúpula antes da fala de Lula.
O presidente brasileiro insistiu na necessidade de uma reforma do Conselho de Segurança para a inclusão de novos
membros permanentes e voltou suas baterias contra Washington, citando especificamente o Oriente Médio -região na qual o Brasil vem ensaiando uma tentativa de protagonismo ao apoiar abertamente o criticado programa
nuclear iraniano.
Lula disse que a ONU deveria
assumir a responsabilidade de
negociar a paz na região. "A
ONU perdeu representatividade. Muitos dos países que ficam
no Conselho de Segurança preferem a ONU frágil para que
eles possam desobedecer as decisões e fazer do seu comportamento enquanto nação a grande personalidade de governança mundial."
No encontro, os representantes dos 32 países (Honduras, com quem parte dos países
da região segue rompida desde
o golpe que depôs o ex-presidente Manuel Zelaya, em junho
de 2009, não esteve presente)
aprovaram por unanimidade a
reivindicação da Argentina pela soberania sobre as ilhas.
Despedida
Após o discurso de Lula, o
presidente mexicano, Felipe
Calderón, em tom de despedida, lembrou que o brasileiro está em seu último ano de mandato e o chamou de "líder indiscutível da nossa região, que dá
enorme força e equilíbrio à
América Latina".
"O Brasil é o nosso maior
país, o que tem mais território,
o que tem mais habitantes,
também teria de ter forçosamente um grande presidente,
como é Lula da Silva", disse
Calderón, seguido de aplausos.
Em sua fala, Lula disse que
não iria se despedir durante a
cúpula. "A próxima [reunião]
será na Venezuela em 2011, e eu
já não estarei mais na Presidência do Brasil. De qualquer forma, não tem aqui nenhuma
despedida porque vou encontrar com vocês em muitos fóruns até o dia 31 de dezembro."
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