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Cobertura de TV chavista diz que há "festa" em Trípoli
Capital líbia estava em "total normalidade" ontem, segundo a
venezuelana Telesur; Chávez é aliado próximo de Gaddafi
Repórter afirma que
sua detenção por cinco
horas foi "fato fortuito"
e nega que cidade tenha
sofrido bombardeios
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Autorizada a transmitir de
Trípoli, a equipe da rede de
TV chavista Telesur provocou controvérsia ontem ao
reportar que a capital da Líbia estava "em total normalidade" e insinuar que outras
redes estavam "pintando um
panorama praticamente de
guerra civil" quando há "festa" no centro da cidade.
O repórter Jordán Rodríguez falou ao vivo, por telefone, por pouco mais de cinco
minutos -em transmissão
pela Telesur e pela TV estatal
local- no começo da tarde.
Rodríguez evitou criticar o
governo de Muammar Gaddafi, um aliado próximo de
Hugo Chávez, por haver detido por cinco horas a equipe
de repórteres. Disse que a
restrição respondeu a "razões óbvias".
"Foi um fato fortuito [a detenção]. Foi um ato justamente para confirmar quem
está chegando, dada a situação de tanta desinformação", continuou. "Tínhamos
de informar quem éramos, de
onde vínhamos e para que
estávamos na Líbia."
"As pessoas dizem que
[Gaddafi] não é um presidente, que é um Deus. Que é
mentira o bombardeio da cidade por aviões militares."
O embaixador do Brasil em
Trípoli, George Ney Fernandes, também afirmou ao jornal "O Globo" que a cidade
não foi bombardeada.
O repórter da Telesur disse
ainda que entre 300 e 400
pessoas -na contagem extraoficial de uma "fonte diplomática"- morreram em
"enfrentamentos" após tentar "tomar bases militares" e
outras instituições oficiais.
CRÍTICAS E AJUSTE
Foi o suficiente para inflamar os ânimos dos usuários
do Twitter na Venezuela, que
inundaram o microblog com
acusações de que o governo
Chávez usa a Telesur para difundir versões pró-Gaddafi.
O popular portal "Notícias
24" postou que a TV chavista
reportava calma em todo o
país -e não só na capital. Teve de corrigir mais tarde.
Em reação à controvérsia,
a própria TV estatal local exibiu uma nova edição da reportagem de Rodríguez, dessa vez frisando que o repórter
falava apenas de Trípoli.
A Telesur também mudou
o enunciado ao longo da tarde: passou a noticiar "lealdade" a Gaddafi na capital ao
lado de protestos no leste,
onde a oposição "estaria controlando" algumas cidades,
citando a Al Jazeera.
Chávez lançou a Telesur
em 2005, em aliança com Argentina, Equador, Bolívia e
Cuba, com a intenção declarada de contrabalançar a cobertura de redes como CNN e
BBC. O ex-presidente do canal Andrés Izarra é agora ministro de Comunicações.
As revoltas no mundo árabe têm movimentado o mundo político venezuelano.
Chávez mantém forte ligação
política com Gaddafi -no começo da semana, circularam
rumores de que o ditador estaria se preparando para fugir para a Venezuela.
Enquanto os opositores se
empenham em traçar supostas semelhanças entre os governos em crise e o do venezuelano, Caracas insiste que
as soluções para o conflito
devem surgir sem "ingerência" dos Estados Unidos.
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