|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Médico insurgente matava policiais em Kirkuk
PATRICK COCKBURN
DO "INDEPENDENT", EM KIRKUK
Quando policiais, soldados e autoridades feridos em ataques de
insurgentes em Kirkuk chegavam
ao principal hospital local, e médicos corriam em sua direção, eles
esperavam que suas chances de
viver teriam aumentado.
Na verdade, muitos dos feridos
estavam condenados à morte,
porque um dos médicos do Hospital República era membro de
uma célula insurgente. Um inquérito policial revelou que, enquanto fingia tratar dos feridos, o médico matou pelo menos 43 deles.
O coronel Yadgar Shukir Abdullah Jaff, da polícia de Kirkuk, disse: "Ele se chamava Louay. Quando os terroristas não conseguiam
matar um policial ou soldado, ele
dava cabo do ferido. Ele ministrava uma dose alta de medicamento
que intensificava suas hemorragias, provocando a morte".
De acordo com a polícia, Louay
travou sua campanha assassina
ao longo de oito ou nove meses.
Ele aparentava ser um médico assistente que trabalhava duro e
que, generosamente, se oferecia
para trabalhar em qualquer setor
do hospital, especialmente na sala
de emergência. Com 272 soldados, policiais e civis mortos e
1.220 feridos em ataques insurgentes em Kirkuk durante o ano
passado, os médicos estavam sobrecarregados e recebiam de bom
grado qualquer ajuda adicional.
O médico foi preso depois da
captura e confissão de Malla Yassin, chefe da célula à qual pertencia. "Fiquei realmente chocado ao
saber que um médico, um homem instruído, pudesse ter feito
aquilo", comentou o coronel.
Louay exemplifica a ferocidade
da luta pela província petrolífera
de Kirkuk. A disputa em torno da
região é a maior razão pela qual os
partidos em Bagdá ainda não formaram um novo governo desde a
eleição de 15 de dezembro.
Expulsos de Kirkuk pelo então
ditador Saddam Hussein e substituídos por colonos árabes, os curdos recapturaram a cidade em
abril de 2003 e não têm intenção
de entregá-la novamente. "Jamais
deixaremos Kirkuk", disse Rizgar
Ali Hamajan, ex-"peshmerga"
(soldado) curdo que dirige o Conselho Provincial. "Ela faz parte do
Curdistão." Ele lembra que tinha
18 meses de idade quando seus
pais fugiram com ele de seu vilarejo, destruído pelo Exército iraquiano momentos depois.
Fumaça negra subiu sobre Kirkuk nesta semana, quando crianças queimaram pneus para comemorar o Nowruz, a festa curda da
primavera. A fumaça intensificou
o clima de ameaça na cidade dividida, marcada por explosões e tiroteios diários. Kirkuk não é um
lugar onde muitos gostariam de
viver, mas a batalha por seu controle ainda pode destruir o Iraque.
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: Iraque sob tutela: Série de ataques deixa 56 mortos no Iraque Próximo Texto: Oriente Médio: Hamas coordenará ataques contra Israel, diz novo ministro palestino Índice
|