São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Argentina repele queixa dos EUA por Chávez

Kirchner, entretanto, não falou sobre repreensão

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino saiu em peso a defender a "soberania" do país após a queixa pública feita pelos EUA à Argentina por ter permitido a realização de um ato anti-Bush com a presença do venezuelano Hugo Chávez, em um estádio de futebol de Buenos Aires, exatamente durante a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, ao vizinho Uruguai. O presidente Néstor Kirchner, porém, nada falou.
O ministro do interior, Aníbal Fernández, disse que "a Argentina é um país soberano e livre". "Ocupem-se de si mesmos", declarou. Chefe de gabinete de Kirchner, Alberto Fernández afirmou que os EUA "não devem se intrometer" nos assuntos nacionais.
"A Argentina foi flexível com o presidente Chávez, que decidiu fazer um ato no país com seus seguidores, e não deve ser objeto de opinião de um funcionário dos EUA nem de nenhum país que tenha relações com a Argentina", disse.
Anteontem, Nicholas Burns, o número três na hierarquia do Departamento de Estado dos EUA, fez uma repreensão pública ao embaixador da Argentina em Washington. "Foi infeliz que este comício tenha acontecido. É claro que Chávez tem o direito de se expressar. Mas naquele dia?", disse.
Jorge Taiana, chanceler argentino, disse considerar "surpreendente e inaceitável que se qualifique como incorreta a realização de um ato popular".
Em meio à polêmica, ontem, em Buenos Aires, representantes de Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela se reuniram no Ministério da Economia para esboçar a ata de constituição do Banco do Sul. A entidade pretende financiar projetos regionais, independentemente do envolvimento de instituições como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Ele, não; ela, sim
Em visita ao Equador, a primeira-dama argentina, senadora Cristina Kirchner, possível candidata à Casa Rosada nas eleições de outubro, referiu-se ontem à integração latino-americana e deu uma alfinetada nos EUA. "Em um contexto em que as relações são de subordinação, nós devemos dar exemplo de relações internacionais de complementação para o desenvolvimento e o crescimento", afirmou.
De Quito, onde se reuniu com o presidente Rafael Correa, Cristina seguiu para Caracas. Além de discursar em fórum da comunidade judaica latino-americana, ela deve ser recebida pelo presidente Hugo Chávez.


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