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Cafetina afirma ter agenciado modelos para Eliot Spitzer
Suposta testemunha no caso que derrubou governador de Nova York, Andreia Schwartz diz que trocou e-mails com ele
Prostituta diz que a partir de agora só dará entrevista se tiver pagamento; segundo ela, polícia dos EUA propôs trocar cidadania por delação
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VILA VELHA (ES)
Apontada como testemunha-chave no escândalo de prostituição que provocou a renúncia
do governador do Estado de
Nova York Eliot Spitzer, a cafetina Andreia Schwartz, 33, afirmou ontem que mantinha contato por e-mail com Spitzer e
com um assessor dele e sabia
que ele, mesmo casado, procurava garotas para se relacionar.
Spitzer, que renunciou no último dia 12 após ter pago por
serviços da garota de programa
Ashley Dupré, 22, também
acionava a cafetina brasileira
para encontros com "modelos",
de acordo com Schwartz.
"O governador também buscava modelos para ficar desfilando. Ouvi dizer que ele gostava de ver outros casais juntos.
Eu achei estranho, porque ele
tem mulher e tudo", afirmou
Schwartz por telefone à Folha.
Durante todo o dia de ontem,
Schwartz deu entrevistas, por
telefone, a jornalistas, que estavam em frente à casa da família, em Vila Velha.
Spitzer, segundo Schwartz,
trocava e-mails com ela. "Tenho e-mails do ex-governador
e do assessor dele", disse
Schwartz, que não quis identificar o assessor nem falar sobre
o conteúdo das mensagens.
A cafetina disse que se correspondia por e-mail com muitos atores, cantores e políticos.
Disse que a polícia americana
revirou a casa dela e acessou o
computador, onde encontrou
as mensagens trocadas com
Spitzer. "Eu já falei muito para
você, agora só vou falar para
jornais que estão pagando",
cortou ela ao ser questionada
sobre nomes. A brasileira também citou o envolvimento de
um assessor do ex-prefeito de
Nova York Rudolph Giuliani,
que entrou na corrida presidencial de 2008.
Agência de modelos
A brasileira negou ser cafetina. "Não existiam agentes de
prostituição, não existiam páginas amarelas, não existia nada
dessas coisas, entendeu? A única coisa é que, como eu estava
envolvida com modelos e algumas pessoas do poder, fiz algumas festas, apresentei pessoas
a pedido deles."
"Os policiais que se fizeram
de meus amigos vários meses
pediram para eu fazer uma
agência de modelos, e isso virou
o que chamam de prostituição.
Eu tinha muito contato com
modelos e tinha contato também com gente muito grande."
Schwartz disse que ficou no
país porque a polícia e a Justiça
americanas queriam informações sobre outras pessoas envolvidas. "A polícia fez um contrato para me entregar algumas
coisas em dinheiro. Quer mais
corrupção que isso? Eles violam as pessoas. Eles ficaram de
me dar um dinheiro. O próprio
governo, a Justiça no caso, o
promotor de Justiça. Ficou de
me dar uma parte em dinheiro.
Eu não falei mais nada, mas,
evidentemente, eu tenho muita
informação", disse.
Schwartz afirmou que ficou
mais tempo na cadeia para dar
nomes, mas não quis delatar
ninguém. "Eu não quero nem
meu pior inimigo na cadeia."
"O "top" da federal disse: "A
gente troca sua identidade, você vai para fora e me ajuda, eu
sei que você não é cafetina, mas
conhece esse pessoal". Falaram
até que me davam o "permanent citizenship" (cidadania)
para concluir isso."
A brasileira disse que foi presa, em 2006, "no auge" e que a
polícia colocou drogas no apartamento dela. "Sou careta, não
uso drogas."
Schwartz desembarcou em
Vitória anteontem às 22h30. A
Infraero permitiu a entrada de
um veículo da estatal para buscá-la na pista do aeroporto.
Após o desembarque, ela saiu
em alta velocidade. O carro foi
perseguido por veículos da imprensa. A família da cafetina
disse que ela está na casa de parentes em Vila Velha.
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