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Após batizar ex-muçulmano, Bento 16 exalta a conversão
Jornalista que se tornou ferrenho pregador antiislã foi batizado na vigília da Páscoa
Na missa de ontem, papa disse que "milagre" das conversões se deve à crença na ressurreição de Cristo;
ele também pediu a paz
DA REDAÇÃO
Além de apelos pela paz
mundial, o papa Bento 16 exaltou a conversão ao cristianismo
ontem, durante a tradicional
missa de Páscoa -que celebra,
segundo a tradição cristã, a ressurreição de Jesus Cristo-,
realizada na praça São Pedro.
"Graças à crença na ressurreição, milhares e milhares de
pessoas se converteram ao cristianismo", disse à multidão que
assistia à celebração sob chuva
forte. "E esse é um milagre que
se renova até os dias de hoje."
Na noite de sábado, na missa
da vigília de Páscoa realizada na
Basílica de São Pedro, o pontífice havia batizado sete adultos.
Entre eles, Magdi Allam, um
jornalista italiano de 55 anos de
origem muçulmana. No islã,
Jesus é considerado um mensageiro de Deus, mas sua divindade não é aceita.
A conversão foi mantida em
segredo pelo Vaticano até menos de uma hora antes da missa, quando foi divulgado um comunicado que dizia: "Para a
Igreja Católica, cada pessoa que
pede para receber o batismo,
depois de uma profunda busca
pessoal, uma escolha completamente livre e uma preparação adequada, tem o direito de
recebê-lo".
Subeditor do jornal "Corriere della Sera", Allam nasceu em
uma região muçulmana no Egito, mas foi educado por católicos e dizia ser muçulmano não-praticante. Na Itália, ele se tornou um crítico ferrenho do islã.
Na edição de ontem do "Corriere", Allam descreve Bento 16
como um "instrumento para a
sua decisão". E completa: "[O
batismo] foi um gesto histórico
e corajoso".
Na tarde de ontem, Allam,
que afirmou já andar com proteção policial policial há cinco
anos, disse perceber que sua vida corre perigo, mas que não se
arrepende de sua conversão.
"Eu sei contra quem estou lutando, mas enfrentarei meu
destino com a cabeça erguida e
com a força interna de quem
tem certeza sobre sua fé", disse.
O gesto de Bento 16 não foi o
primeiro com potencial de
criar atrito com os muçulmanos. Em 2006, o próprio Allam
defendeu o papa quando o pontífice fez uma palestra na cidade de Regensburg, na Alemanha, que foi vista como depreciativa ao islã e provocou protestos entre os muçulmanos.
Na palestra, ele citou a frase de
um imperador bizantino do século 15 que criticava Maomé
por expandir "pela espada" a
sua religião.
No começo da semana passada, o papa foi acusado em um
vídeo do terrorista Osama bin
Laden, líder da Al Qaeda, de liderar uma campanha contra o
islamismo. Por meio do seu
porta-voz, o pontífice, que está
prestes a completar 81 anos,
respondeu à ameaça na última
quinta-feira, dizendo que a
menção não tem fundamento e
que não é um cruzado.
Pela paz
Durante a mensagem de Páscoa, o papa pediu o fim da injustiça, do ódio e da violência no
mundo. Ele evocou "um compromisso ativo com a justiça
em áreas ensangüentadas por
conflitos e em qualquer lugar
onde a dignidade humana continue a ser desprezada e pisoteada". E acrescentou, falando
especificamente de Darfur, da
Somália, da Terra Santa (Israel
e territórios palestinos), do Iraque. do Líbano e do Tibete: "Espera-se que estes sejam precisamente os lugares onde os gestos de moderação e perdão devam crescer".
Foi o segundo apelo do papa
em menos de uma semana pela
paz no Tibete. Em ambos os casos, ele não mencionou a China, com a qual o Vaticano negocia a normalização das relações
diplomáticas.
Com agências internacionais
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