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Vantagem militar da Colômbia é relativa
País tem mais soldados do que os vizinhos, mas carece de equipamento para conflitos convencionais
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o Exército colombiano ser maior que o venezuelano e o equatoriano juntos, em
um eventual conflito entre esses países os números não necessariamente seriam fundamentais. O tipo de equipamento e a geografia teriam um impacto maior no conflito, segundo o pesquisador Adrian J. English, um dos maiores especialistas no mundo nas Forças Armadas latino-americanas e sua
história militar.
"O Exército colombiano é
numeroso, mas ele é voltado
para a contra-insurgência. Não
tem tanques, não tem artilharia
pesada", disse English à Folha,
em entrevista por telefone de
sua casa em Dublin, Irlanda. "A
Marinha do país também é pequena, assim como a Força Aérea", afirma o especialista.
English é autor de um clássico livro sobre as Forças Armadas da região ("Armed Forces
of Latin America"), cuja evolução acompanha há mais de
meio século. Seu último livro,
publicado no ano passado, trata da Guerra do Chaco, entre
Paraguai e Bolívia, de 1932 a
1935 ("The Green Hell" -"O
inferno verde").
Não são as compras recentes
de material bélico feitas pelo
presidente venezuelano Hugo
Chávez que afetariam mais um
conflito. Há vários anos a Venezuela tem 80 tanques franceses AMX-30, lembra English;
somando-se aos tanques leves,
como o britânico Scorpion 90 e
o francês AMX-13, o total desse
tipo de blindados chega a mais
de 200 no país.
O Exército colombiano tem
cerca de 178 mil homens, quase
tanto quanto o maior da América do Sul, o brasileiro (189
mil). O Exército da Venezuela
tem um contingente pequeno
mesmo em termos latino-americanos -34 mil homens- e a
sua maior parte (27 mil) é de
conscritos. Já o Equador tem
efetivo de 37 mil.
Mas os colombianos estão
em guerra interna com as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e teriam de
retirar tropas dessa missão para uma guerra convencional.
Por outro lado, seus soldados
têm muito mais experiência de
combate.
Evento raro
Tanto a cordilheira dos Andes como a floresta amazônica
colocariam limites no emprego
de tropas. Para English, apenas
uma estreita faixa de terreno
permitiria o emprego de formações mecanizadas e de uma
guerra de movimento.
Guerras convencionais envolvendo países sul-americanos foram raras nos últimos 50
anos. O último conflito do gênero pode dar uma pista de como seria uma guerra entre a
Colômbia e seus vizinhos.
Tratou-se de outro "round"
da disputa entre Peru e Equador, ao longo da fronteira na região amazônica. A chamada
Guerra de Cenepa, em 1995,
envolveu pequeno número de
tropas e de aviação, mas não se
estendeu a outros pontos da
fronteira entre os dois países.
Resta saber o objetivo de
uma guerra andina. Não seria
uma disputa por território, como no caso de Peru e Equador;
o conflito tem uma dimensão
ideológica, e envolve a simpatia
de Chávez pelas Farc, que também se consideram "bolivarianas e socialistas". Se Colômbia,
Venezuela e Equador entrassem em luta, o mais provável
será uma disputa fronteiriça
curta, com eventuais ataques
aéreos. Uma guerra mais por
prestígio do que por resultados
práticos.
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