São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OEA confirma hoje continuidade de Insulza

Após obter apoio de última hora dos EUA, secretário-geral deve ser reeleito por consenso para mais cinco anos à frente de órgão

Venezuela e Peru ainda resistem à recondução de chileno ao cargo, mas não devem se pronunciar durante o processo eleitoral


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Em eleição hoje, a Organização dos Estados Americanos (OEA) deverá ratificar a recondução do chileno José Miguel Insulza, que chega como candidato único, ao posto de secretário-geral do órgão por mais cinco anos. Fontes diplomáticas afirmaram à Folha que, com a resistência de uma pequena minoria de países como Peru e Venezuela a Insulza, a tendência é não haver votação nem aclamação, e sim uma proposta de consenso.
Negociações sobre o procedimento final continuavam ocorrendo na tarde de ontem. A proposta de consenso parecia até então mais simpática aos oponentes de Insulza, que poderiam se calar durante a aprovação. Assim não correriam o risco de isolamento frente à maioria -o secretário tem o apoio público de ao menos 18 dos 33 países-membros ativos. Uma vez acertada a recondução, fariam intervenções -a expectativa é que a Venezuela o faça, mas não o Peru.
A discordância do Peru está ligada à relação conturbada do país com o Chile, com o qual tem disputa marítima. Já Caracas critica o que vê como interferência interna no país. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da OEA que é proibido de entrar na Venezuela desde 2002, faz avaliações negativas sobre o país. O presidente Hugo Chávez chegou a dizer que lançaria candidato próprio, mas desistiu.
Os EUA, que também hesitavam, confirmaram apenas anteontem que darão apoio a Insulza. O secretário-geral é visto no país como fraco, partidário da esquerda bolivariana e até um dos responsáveis pela crise hondurenha após o golpe de Estado em 28 de junho, por suposto alinhamento ao presidente deposto Manuel Zelaya.
Especula-se que a posição favorável americana só foi alcançada após forte negociação sobre temas como Honduras e a concordância do secretário-geral com uma proposta de lei apresentada ao Congresso americano sobre transparência de uso de fundos da OEA.
Atualmente 60% do orçamento da organização vem dos EUA. Projeto de lei introduzido neste mês no Senado americano pretende "melhorar a OEA como instituição". "Com muita frequência a OEA é vista como um instrumento útil de agendas políticas inconsistentes, e alguns críticos chegam a chamá-la de pasto de diplomatas de terceiro escalão", disse John Kerry, autor da proposta.
Na semana passada, Insulza disse em Washington estar de "pleno acordo" com o projeto.
Ainda que morno, o apoio público dos EUA é uma mudança em relação à primeira eleição de Insulza, em 2005. O secretário-geral foi o primeiro a chegar ao posto sem o apoio de Washington, numa campanha então liderada por Chile, Brasil e Venezuela.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Afegãos lideram pedidos de asilo em 2009
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.