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OEA confirma hoje continuidade de Insulza
Após obter apoio de última hora dos EUA, secretário-geral deve ser reeleito por consenso para mais cinco anos à frente de órgão
Venezuela e Peru ainda resistem à recondução
de chileno ao cargo, mas
não devem se pronunciar durante o processo eleitoral
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Em eleição hoje, a Organização dos Estados Americanos
(OEA) deverá ratificar a recondução do chileno José Miguel
Insulza, que chega como candidato único, ao posto de secretário-geral do órgão por mais cinco anos. Fontes diplomáticas
afirmaram à Folha que, com a
resistência de uma pequena
minoria de países como Peru e
Venezuela a Insulza, a tendência é não haver votação nem
aclamação, e sim uma proposta
de consenso.
Negociações sobre o procedimento final continuavam ocorrendo na tarde de ontem. A
proposta de consenso parecia
até então mais simpática aos
oponentes de Insulza, que poderiam se calar durante a aprovação. Assim não correriam o
risco de isolamento frente à
maioria -o secretário tem o
apoio público de ao menos 18
dos 33 países-membros ativos.
Uma vez acertada a recondução, fariam intervenções -a
expectativa é que a Venezuela o
faça, mas não o Peru.
A discordância do Peru está
ligada à relação conturbada do
país com o Chile, com o qual
tem disputa marítima. Já Caracas critica o que vê como interferência interna no país. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da OEA
que é proibido de entrar na Venezuela desde 2002, faz avaliações negativas sobre o país. O
presidente Hugo Chávez chegou a dizer que lançaria candidato próprio, mas desistiu.
Os EUA, que também hesitavam, confirmaram apenas anteontem que darão apoio a Insulza. O secretário-geral é visto
no país como fraco, partidário
da esquerda bolivariana e até
um dos responsáveis pela crise
hondurenha após o golpe de
Estado em 28 de junho, por suposto alinhamento ao presidente deposto Manuel Zelaya.
Especula-se que a posição favorável americana só foi alcançada após forte negociação sobre temas como Honduras e a
concordância do secretário-geral com uma proposta de lei
apresentada ao Congresso
americano sobre transparência
de uso de fundos da OEA.
Atualmente 60% do orçamento da organização vem dos
EUA. Projeto de lei introduzido neste mês no Senado americano pretende "melhorar a
OEA como instituição". "Com
muita frequência a OEA é vista
como um instrumento útil de
agendas políticas inconsistentes, e alguns críticos chegam a
chamá-la de pasto de diplomatas de terceiro escalão", disse
John Kerry, autor da proposta.
Na semana passada, Insulza
disse em Washington estar de
"pleno acordo" com o projeto.
Ainda que morno, o apoio
público dos EUA é uma mudança em relação à primeira
eleição de Insulza, em 2005. O
secretário-geral foi o primeiro
a chegar ao posto sem o apoio
de Washington, numa campanha então liderada por Chile,
Brasil e Venezuela.
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