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BOLÍVIA
EBX deve ser expulsa do país
Morales discute futuro de empresa brasileira
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Depois de ter prometido expulsar a siderúrgica brasileira EBX
do país ao longo da semana passada, o presidente boliviano, Evo
Morales, receberá hoje, em La
Paz, representantes do Departamento de Santa Cruz favoráveis à
permanência da empresa para
discutir o assunto. As chances de
a empresa continuar na Bolívia,
porém, são consideradas mínimas pelo governo boliviano e pela
diplomacia brasileira.
"A EBX violou a soberania do
Estado boliviano e normas ambientais e atuou num momento
de crise política e na qual pensou
que poderia usar sua influência
para proteger seus investimentos
ilegais na fronteira", disse à Folha
o ministro da Presidência de Morales, Juan Ramon Quintana.
Na quarta-feira, Morales disse
que a EBX, do empresário Eike
Batista, terá de deixar a Bolívia.
"Os que entraram ilegalmente,
sem respeitar as leis bolivianas,
sem respeitar sequer a Constituição, têm dois caminhos: ir embora voluntariamente ou o governo
os expulsará." Segundo fontes do
Itamaraty ouvidas pela Folha, a
permanência da EBX na Bolívia é
considerada insustentável. Embora acompanhe o caso de perto,
a diplomacia brasileira não se envolveu até agora nas negociações
entre a empresa e o governo.
A EBX é acusada de funcionar
sem licença ambiental e de atuar
na faixa de 50 km da fronteira, o
que não é permitido a estrangeiros, entre outras irregularidades.
A empresa diz que tem uma licença expedida em 2004.
O presidente do Comitê Cívico
de Puerto Suárez, Edil Gericke,
disse à Folha ontem que, caso não
haja avanço nas negociações, haverá novos protestos e bloqueios
de estradas a partir de quarta-feira. Segundo ele, a empresa investiu até agora US$ 80 milhões e
mantém 946 empregados.
Eike Batista acusa o governo da
Bolívia de querer retirar sua empresa do país por motivações políticas. "Tornamo-nos o bode expiatório de um país que foi muito
explorado no passado", afirmou.
Segundo ele, o governo não está
disposto a dar crédito a uma decisão tomada na gestão anterior
que autorizava a EBX a construir
uma usina siderúrgica na região
da zona franca boliviana, próxima da fronteira com o Brasil.
Batista atribuiu também a
ameaça de Morales ao fato de a siderúrgica estar localizada em terrenos de propriedade da empresa
boliviana Zoframaq, que tem como acionista o grupo Monasterio,
inimigo do presidente.
Colaboraram Janaína Lage, da Sucursal
do Rio, e Vinicius Albuquerque, da Folha
Online
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