São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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BOLÍVIA

EBX deve ser expulsa do país

Morales discute futuro de empresa brasileira

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Depois de ter prometido expulsar a siderúrgica brasileira EBX do país ao longo da semana passada, o presidente boliviano, Evo Morales, receberá hoje, em La Paz, representantes do Departamento de Santa Cruz favoráveis à permanência da empresa para discutir o assunto. As chances de a empresa continuar na Bolívia, porém, são consideradas mínimas pelo governo boliviano e pela diplomacia brasileira.
"A EBX violou a soberania do Estado boliviano e normas ambientais e atuou num momento de crise política e na qual pensou que poderia usar sua influência para proteger seus investimentos ilegais na fronteira", disse à Folha o ministro da Presidência de Morales, Juan Ramon Quintana.
Na quarta-feira, Morales disse que a EBX, do empresário Eike Batista, terá de deixar a Bolívia. "Os que entraram ilegalmente, sem respeitar as leis bolivianas, sem respeitar sequer a Constituição, têm dois caminhos: ir embora voluntariamente ou o governo os expulsará." Segundo fontes do Itamaraty ouvidas pela Folha, a permanência da EBX na Bolívia é considerada insustentável. Embora acompanhe o caso de perto, a diplomacia brasileira não se envolveu até agora nas negociações entre a empresa e o governo.
A EBX é acusada de funcionar sem licença ambiental e de atuar na faixa de 50 km da fronteira, o que não é permitido a estrangeiros, entre outras irregularidades. A empresa diz que tem uma licença expedida em 2004.
O presidente do Comitê Cívico de Puerto Suárez, Edil Gericke, disse à Folha ontem que, caso não haja avanço nas negociações, haverá novos protestos e bloqueios de estradas a partir de quarta-feira. Segundo ele, a empresa investiu até agora US$ 80 milhões e mantém 946 empregados.
Eike Batista acusa o governo da Bolívia de querer retirar sua empresa do país por motivações políticas. "Tornamo-nos o bode expiatório de um país que foi muito explorado no passado", afirmou.
Segundo ele, o governo não está disposto a dar crédito a uma decisão tomada na gestão anterior que autorizava a EBX a construir uma usina siderúrgica na região da zona franca boliviana, próxima da fronteira com o Brasil.
Batista atribuiu também a ameaça de Morales ao fato de a siderúrgica estar localizada em terrenos de propriedade da empresa boliviana Zoframaq, que tem como acionista o grupo Monasterio, inimigo do presidente.


Colaboraram Janaína Lage, da Sucursal do Rio, e Vinicius Albuquerque, da Folha Online

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