São Paulo, sexta-feira, 24 de abril de 2009

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CNA mantém hegemonia na eleição mais disputada após o fim do apartheid

DO ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA

O primeiro dia de apuração da eleição sul-africana confirmou a vitória folgada do Congresso Nacional Africano (CNA) e de seu candidato a presidente, Jacob Zuma, mas deixou no ar a dúvida sobre se conseguiria atingir a barreira de dois terços dos votos necessários para mudar a Constituição.
Às 23h30 locais (18h30 em Brasília), com quase 60% dos votos apurados, o CNA estava na marca exata de dois terços (66,7%) dos votos, seguido pela Aliança Democrática, com 16%. O recém-formado Congresso do Povo, uma dissidência do CNA formada no fim de 2008, vinha em terceiro, com 7% -bem menos do que esperava.
Os resultados finais devem sair só amanhã, mas Zuma terminou o dia dançando com simpatizantes no centro de Johannesburgo. Na África do Sul, os partidos elegem seus deputados com base em listas prévias, na exata proporção dos votos obtidos. Depois, o Parlamento elege o novo presidente da República -no caso, Zuma, líder do partido majoritário.
No centro de divulgação montado em Pretória, representantes partidários passaram o dia com os olhos grudados num painel high-tech, mostrando em tempo real a mudança no número de votos, nacionalmente e nas Províncias.
O CNA liderava em 8 das 9 Províncias, com a exceção sendo o Cabo Ocidental, onde fica a Cidade do Cabo.
A prefeita da cidade, Helen Zille, que também lidera a Aliança Democrática, deve se tornar a governadora da Província, embora ainda não se soubesse ontem à noite se seu partido obteria maioria absoluta. "Estou maravilhada. Fomos melhor do que qualquer um esperava", afirmou Zille à Folha.
A eleição foi apontada como a mais competitiva do país desde o fim do apartheid, em 1994, apesar da vitória fácil do CNA. Se ficar abaixo dos 66%, o partido do governo terá de negociar se quiser aprovar emendas constitucionais.
Os números finais devem mostrar um modesto reequilíbrio de forças entre governo e oposição. Na última eleição, há cinco anos, o CNA teve 69% dos votos, marca que dificilmente terá agora. A Aliança Democrática, popular entre brancos, mestiços e negros de classe média, deve subir do patamar de 12% obtido em 2004.
Já o Cope contribuiu para tirar votos do partido governista em algumas regiões do interior. "Não vejo o resultado como uma decepção, mas como uma massa crítica sobre a qual podemos trabalhar no futuro", disse seu candidato a presidente, Mvume Dandala. (FZ)


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