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CNA mantém hegemonia na eleição mais disputada após o fim do apartheid
DO ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA
O primeiro dia de apuração
da eleição sul-africana confirmou a vitória folgada do Congresso Nacional Africano
(CNA) e de seu candidato a presidente, Jacob Zuma, mas deixou no ar a dúvida sobre se conseguiria atingir a barreira de
dois terços dos votos necessários para mudar a Constituição.
Às 23h30 locais (18h30 em
Brasília), com quase 60% dos
votos apurados, o CNA estava
na marca exata de dois terços
(66,7%) dos votos, seguido pela
Aliança Democrática, com 16%.
O recém-formado Congresso
do Povo, uma dissidência do
CNA formada no fim de 2008,
vinha em terceiro, com 7%
-bem menos do que esperava.
Os resultados finais devem
sair só amanhã, mas Zuma terminou o dia dançando com
simpatizantes no centro de Johannesburgo. Na África do Sul,
os partidos elegem seus deputados com base em listas prévias, na exata proporção dos votos obtidos. Depois, o Parlamento elege o novo presidente
da República -no caso, Zuma,
líder do partido majoritário.
No centro de divulgação
montado em Pretória, representantes partidários passaram
o dia com os olhos grudados
num painel high-tech, mostrando em tempo real a mudança no número de votos, nacionalmente e nas Províncias.
O CNA liderava em 8 das 9
Províncias, com a exceção sendo o Cabo Ocidental, onde fica a
Cidade do Cabo.
A prefeita da cidade, Helen
Zille, que também lidera a
Aliança Democrática, deve se
tornar a governadora da Província, embora ainda não se
soubesse ontem à noite se seu
partido obteria maioria absoluta. "Estou maravilhada. Fomos
melhor do que qualquer um esperava", afirmou Zille à Folha.
A eleição foi apontada como
a mais competitiva do país desde o fim do apartheid, em 1994,
apesar da vitória fácil do CNA.
Se ficar abaixo dos 66%, o partido do governo terá de negociar se quiser aprovar emendas
constitucionais.
Os números finais devem
mostrar um modesto reequilíbrio de forças entre governo e
oposição. Na última eleição, há
cinco anos, o CNA teve 69%
dos votos, marca que dificilmente terá agora. A Aliança
Democrática, popular entre
brancos, mestiços e negros de
classe média, deve subir do patamar de 12% obtido em 2004.
Já o Cope contribuiu para tirar votos do partido governista
em algumas regiões do interior.
"Não vejo o resultado como
uma decepção, mas como uma
massa crítica sobre a qual podemos trabalhar no futuro",
disse seu candidato a presidente, Mvume Dandala.
(FZ)
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