São Paulo, domingo, 24 de abril de 2011

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ONDA DE REVOLTAS

Regime sírio ataca funerais e mata mais 12

Forças oficiais abrem fogo contra pessoas que velavam as dezenas de vítimas dos ataques feitos no dia anterior

Mortes sucedem em dias revogação de lei de emergência; deputados renunciam em protesto por atos de mandatário

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças de segurança sírias abriram fogo novamente ontem contra dezenas de milhares de manifestantes que faziam funerais dos ao menos 88 mortos na véspera.
A última sexta-feira foi considerada o dia mais violento desde o início das revoltas contrárias ao regime no país, em março.
Pelo menos mais 12 pessoas foram mortas ontem em várias cidades da Síria, principalmente em Douma, no subúrbio de Damasco, e em Izraa. A violência da repressão levou dois parlamentares a anunciarem renúncia -as primeiras na atual crise.
Um deles, Naser Hariri, afirmou que as tropas leais a Assad estão cometendo "assassinatos a sangue frio".
"As forças de segurança estão dissipando as divisões que existiam entre sírios, muçulmanos e cristãos, que agora estão unidos em sua exigência por reformas e liberdade", analisou Hariri durante entrevista à agência de notícias Reuters.
"Houve o uso de armamento pesado em nossa direção quando nos aproximávamos de Izraa para acompanhar os funerais dos nossos mártires", disse à Reuters uma das testemunhas.
Em Douma, as cerimônias reuniram cerca de 50 mil pessoas, segundo relatos. Em Izraa, foram cerca de 5.000.
A exemplo da véspera, manifestantes entoaram cantos contra o ditador Bashar Assad, pedindo abertura política e reformas no regime.
Anteontem, forças de segurança dispararam contra dezenas de milhares de oposicionistas em várias cidade do país, deixando ao menos 88 mortos. Uma organização de direitos humanos, no entanto, estimou em mais de cem o número de vítimas.
De acordo com a ONG Anistia Internacional, entre os mortos de sexta estavam um homem de 70 anos e dois meninos de sete e dez anos.
Não há confirmação independente das cifras, dadas as restrições impostas ao trabalho da imprensa. O regime é conhecido por ser um dos mais severos no que se refere à liberdade de expressão.

REIVINDICAÇÕES
A onda de protestos pelo país reproduziu o padrão das últimas semanas, quando manifestantes aproveitaram a sexta-feira -dia sagrado para os muçulmanos- para promover os protestos.
Desta vez, entretanto, os atos antirregime sucedem em poucos dias a revogação do estado de exceção que estava em vigor no país havia 48 anos.
Desde o início das manifestações contra o regime na Síria, na esteira das revoltas que depuseram os ditadores da Tunísia e do Egito, pelo menos 300 pessoas foram mortas.


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