DA REDAÇÃO

Durante una reunião de gabinete do governo de Israel ocorrida ontem, o ministro da Justiça, Yosef Lapid, provocou furor ao declarar que as imagens de uma idosa palestina procurando remédios entre os escombros de sua casa em Rafah, no sul da faixa de Gaza, recordavam as imagens sua avó morta durante o Holocausto. "Quando vi na TV as imagens de uma idosa palestina de joelhos em busca de seus medicamentos, remexendo nos escombros de sua casa [destruída pelos soldados israelenses], eu me lembrei de minha avó, que foi morta pelos nazistas durante o Holocausto", afirmou Lapid. O primeiro-ministro Ariel Sharon, assim como outros ministros do gabinete, acusou Lapid de "avivar a pior das propagandas antiisraelenses". "Não comparo Israel aos nazistas. O que faço é expressar a associação de idéias que me veio à mente quando vi essas imagens da operação que o Exército [de Israel] está realizando". Lapid, que integra o Shinui -partido mais moderado da coalizão de Sharon-, afirmou que essa ação "não é moral, humana nem conforme à ética judaica". Desde o lançamento da operação Arco-Íris, no último dia 17, 42 palestinos já morreram em Rafah, e dezenas de casas foram destruídas. A operação tem sido criticada por vários países, incluindo os EUA, principal aliado de Israel. O ministro da Defesa, Shaul Mofaz, anunciou que a operação em Rafah continuará "por vários dias, mas não por semanas". Ontem, dois membros do grupo Hamas e um integrante das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa morreram quando o carro em que estavam explodiu em Nablus (Cisjordânia). Para o Exército israelense, a morte dos terroristas pode ter ocorrido devido a um "acidente" ao ativarem sem querer uma eventual bomba que levariam. Testemunhas disseram que aviões israelenses sobrevoaram o local pouco antes da explosão. Poucas horas depois, nove palestinos ficaram feridos por disparos de soldados israelenses que inspecionavam o local. Na faixa de Gaza, dois agricultores palestinos também foram feridos por disparos de soldados de Israel. Ontem, Sharon anunciou que apresentará a seu gabinete, até o fim do mês, seu plano de retirada de assentamentos e foças israelenses da faixa de Gaza.