São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Irã ampliou processamento de urânio

Em relatório, agência atômica da ONU acusa país de dificultar inspeção de suas instalações nucleares

DA REDAÇÃO

Um novo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica, publicado ontem em Viena, acusa o Irã de ignorar a exigência da ONU para cessar o enriquecimento de urânio e de colocar obstáculos ao trabalho dos inspetores da agência, encarregados de monitorar a evolução de seu programa nuclear.
Nas instalações de Natanz, no centro do país, as únicas inteiramente abertas às inspeções, as atividades de enriquecimento foram incrementadas, constatou a inspeção.
A tal ponto, afirma em relatório complementar a AIEA -agência das Nações Unidas para questões de proliferação nuclear- que até o final de junho o Irã poderá dispor de 3.000 centrífugas, quantidade que lhe permitiria enriquecer urânio em escala industrial. O país afirma visar a construção de 54 mil centrífugas.
Por enquanto há 1.640 no país, das quais cerca de 1.300 já foram carregadas com o gás que permite a produção do o combustível.

Reator de Arak
A agência aponta a má vontade do regime islâmico com relação a seus inspetores, sobretudo em Arak, onde está sendo construído um novo reator de água pesada. Ao ser ativado, em meados da próxima década, ele produzirá plutônio em meio ao lixo atômico, o que é matéria-prima militar, a exemplo do urânio altamente enriquecido.
O relatório, redigido pelo diretor da AIEA, Mohamed El Baradei, que é Prêmio Nobel da Paz, será enviado aos membros do Conselho de Segurança, que já votaram duas resoluções contra o Irã.
A última fixava em 23 de maio o prazo para que o país cessasse as operações de enriquecimento.
O regime iraniano argumenta ter o direito de controlar o ciclo nuclear -da produção de combustível à tecnologia de reatores- para a produção de eletricidade. Mas a comunidade internacional acredita que o programa iraniano se destina à produção de bombas, o que modificaria o atual quadro estratégico do Oriente Médio e colocaria o Estado de Israel sob constante ameaça.
No relatório de ontem, El Baradei afiram não ter condições de afirmar que o programa nuclear iraniano "tem uma natureza exclusivamente pacífica".
Diplomatas disseram nesta semana que os EUA apresentariam uma crítica formal contra o egípcio por recentes declarações vistas por Washington como favoráveis ao Irã.
Ontem, um porta-voz da Casa Branca disse que o novo relatório "é uma lista de tópicos que comprovam o desafio iraniano à comunidade internacional e demonstra o quanto os dirigentes iranianos levam o país ao isolamento".
Em Londres, o porta-voz do primeiro-ministro Tony Blair defendeu a escalada de sanções a fim de conter o "comportamento arrogante" do governo iraniano.


Com agências internacionais


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