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Líder iraniano ameaça recuar de acordo
Chefe do Parlamento afirma que Irã desistirá de pacto com Brasil e Turquia caso sofra novas sanções da ONU
Presidente, entretanto, prefere manter tom conciliador, apesar de potências rejeitarem intercâmbio de urânio
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Irã recuará do acordo
mediado por Brasil e Turquia
sobre intercâmbio de urânio
caso novas sanções sejam
impostas a Teerã, disse ontem o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani.
Em tom mais conciliador,
o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que o pacto
trilateral abre uma "nova era
no cenário internacional" e
insistiu em que busca prosseguir as conversas com as potências num "clima de cooperação justa e produtiva".
As declarações desencontradas apontam para divergências no governo iraniano
acerca do compromisso alcançado no dia 17 durante visita a Teerã do presidente
brasileiro, Luiz Inácio Lula
da Silva, e do premiê turco,
Recep Tayyip Erdogan.
Larijani é um desafeto de
Ahmadinejad e, mesmo após
perder em 2007 o cargo de
principal negociador nuclear
iraniano, manteve-se como
um dos mais próximos assessores do líder supremo, Ali
Khamenei, máxima autoridade no regime.
Suspeita-se que Larijani
esteja tentando sabotar a
possibilidade de intercâmbio
de urânio.
Pelo acordo, o Irã se compromete a enviar 1.200 kg de
seu estoque de urânio pouco
enriquecido à vizinha Turquia em até um mês depois
de um eventual aval da AIEA
(agência nuclear da ONU) à
proposta, para em um ano receber de volta 120 kg do material processado a 20%.
O objetivo é impedir que o
Irã enriqueça em seu próprio
solo urânio destinado, segundo Teerã, a abastecer um
reator de pesquisa médica.
O governo iraniano, que
nega buscar a bomba atômica, deve formalizar hoje à
AIEA o acordo.
SUSPEITAS
Mas, apesar de o plano
atender a exigências formuladas por escrito pelos EUA,
as potências o rejeitaram e
anunciaram consenso sobre
uma resolução para que o
Conselho de Segurança da
ONU imponha uma quarta
rodada de sanções ao Irã.
As potências ressaltam
que o plano não supõe o fim
do enriquecimento de urânio pelo Irã. Elas esperam
que a resolução seja votada
no mês que vem.
"Se os americanos quiserem buscar aventura no
CS ou no Congresso, todos
os esforços de Brasil e Turquia terão sido em vão, e o
atual caminho será abandonado", disse Larijani.
O líder oposicionista Mir
Hossein Mousavi, candidato derrotado na eleição presidencial de 2009, culpou o
governo pela pressão externa, mas se disse contrário a sanções, argumentando que elas causarão desemprego e pobreza.
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