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TERRORISMO
Para funcionários do governo americano, substância pode voltar a ser fabricada e usada em novos atentados
Antraz usado em ações nos EUA era recente
DAVID JOHNSTON
WILLIAM J. BROAD
DO "THE NEW YORK TIMES"
Cientistas determinaram que o
antraz utilizado em "atentados
postais" depois de 11 de setembro
nos EUA foi fabricado não mais
de dois anos antes de ser enviado,
afirmaram altos funcionários do
governo americano. A descoberta
preocupou investigadores, segundo os quais isso indica que quem
enviou o antraz em pó pode fabricar mais e atacar de novo.
O estabelecimento da idade do
antraz que matou cinco pessoas
fortaleceu a teoria de que a pessoa
por trás dos atentados tem uma
conexão direta e atual com um laboratório de microbiologia e pode ter usado equipamentos relativamente novos. "Ainda estamos
procurando alguém que se encaixe nos critérios de treinamento,
conhecimento, educação, experiência e habilidade", disse um
funcionário do governo.
A nova descoberta também enfraquece seriamente outra teoria
que estava complicando a investigação que, até agora, não produziu frutos: a de que o culpado teria
roubado ou obtido de alguma forma uma antiga amostra de laboratório de antraz em pó, de uma
modalidade identificada pela primeira vez em 1981.
O fato de o antraz ter sido fabricado recentemente sugere que a
pessoa que o enviou por correio
preparou os germes sozinho e
tem a capacidade de fazer mais
sem ter de usar material antigo,
possivelmente tirado das amostras de antraz que o governo mantém para testar novos tipos de defesas contra micróbios perigosos.
"[O antraz] foi fabricado, e portanto pode ser fabricado de novo,
e de novo", afirmou outro alto
funcionário do governo dos EUA.
Ainda segundo funcionários do
governo, o FBI determinou que o
antraz era novo utilizando a datação por radiocarbono, um método muito utilizado para determinar a idade de amostras biológicas. Ele mede quanto carbono radioativo um ser vivo perdeu desde que morreu ou, no caso de esporos de antraz, desde que entrou
em estado de latência.
Investigadores afirmam acreditar que, se o autor dos atentados
por correio for pego, deve se encaixar no perfil traçado por psicólogos comportamentais do FBI,
cuja teoria é a de que ele é um homem solitário, com uma inclinação para a ciência e um rancor
contra a sociedade, que se sente
confortável na área de Trenton,
onde as cartas foram postadas. Os
investigadores não sabem se ele é
americano ou estrangeiro.
Especialistas e investigadores
devem se reunir nesta semana
com o diretor do FBI, Robert
Mueller, para discutir os novos indícios. Entre os assuntos da reunião devem estar os resultados de
meses de estudos sofisticados
conduzidos com o antraz contido
na carta enviada em 9 de outubro
de 2001 ao senador democrata Patrick J. Leahy, de Vermont.
A carta a Leahy, presidente do
Comitê Judiciário, era a única das
quatro recuperadas no caso que
continha antraz suficiente para
permitir exames científicos extensos. A amostra tirada do envelope
endereçado a Leahy continha tanto material quanto um saquinho
de adoçante e pesava cerca de 1 g.
Investigadores falharam várias
vezes em encontrar indícios de
envolvimento de estrangeiros nos
atentados por carta. No início, o
Iraque era um dos principais suspeitos. Mas investigadores não
acharam nenhuma evidência de
que Bagdá tenha obtido a modalidade americana de antraz encontrada na carta, conhecida como Ames, e nenhum sinal de "assinaturas químicas" iraquianas.
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