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ORIENTE MÉDIO
Exército já ocupa todas grandes cidades da Cisjordânia; líder palestino assume ter errado em Camp David
Israel cerca QG de Arafat em Ramallah
DA REDAÇÃO
Tanques israelenses entraram
ontem na cidade de Ramallah
(Cisjordânia) e cercaram mais
uma vez o quartel-general do presidente da Autoridade Nacional
Palestina, Iasser Arafat.
Não houve confronto durante a
invasão israelense. O governo de
Israel não informou se manterá o
líder palestino cercado. Arafat estava dentro do local reunido com
assessores.
O Exército de Israel, que convocou ontem mais 4.000 reservistas
para ampliar suas ações na Cisjordânia, afirmou apenas que estava
realizando uma operação militar
em Ramallah.
Desde dezembro, Arafat foi
mantido várias vezes sob cerco de
forças israelenses no seu QG. Somente em poucas oportunidades
ele pôde deixar a cidade.
Agora, todas a maioria das
grandes cidades palestinas da Cisjordânia estão sob ocupação militar de Israel. Cerca de 1.200 reservistas já haviam sido convocados
anteriormente. As ações são uma
resposta aos três atentados na semana passada, que deixaram 31
mortos.
Para Arafat, o governo do premiê de Israel, Ariel Sharon, pretende controlar "todos os aspectos da vida palestina". Os israelenses negam estar dispostos a serem
responsáveis pela administração
civil das cidades.
Por outro lado, segundo o secretário de gabinete de Israel, Gideon
Saar, o governo de Sharon está
analisando a possibilidade de deportar famílias de palestinos que
tenham cometido atentados suicidas, desde que haja respaldo jurídico para uma ação desse porte.
Os residentes de Qalqilya e das
cidades palestinas de Nablus, Jenin, Tulkarem, Belém e Beitunia
(nos arredores de Ramallah), todas na Cisjordânia, estão sob toque de recolher e têm apenas algumas horas por dia para poderem sair às ruas e comprar mantimentos.
Em Nablus, dois policiais palestinos foram mortos por forças israelenses. Outro palestino foi
morto em Tulkarem.
De acordo com Sharon, "as forças israelenses estão nos territórios palestinos com a seguinte
missão: defender a segurança dos
cidadãos de Israel".
Para Arafat, "está claro que os
israelenses querem permanecer
indefinidamente nas áreas palestinas". Israel diz que não há intenção de retomar a administração
política das áreas palestinas.
A operação que está sendo realizada agora tem escala menor do
que a "Muro Protetor", que ocorreu entre o fim de março e o início
de maio. Desta vez, porém, Israel
ameaça permanecer nas "áreas
palestinas enquanto o terror persistir". Effi Eitam, um dos ministro mais radicais do gabinete de
Sharon, afirmou que a ocupação
deve "durar muitos meses".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, divergiu de Sharon sobre o traçado
da cerca que separará a Cisjordânia e Israel e chegou a ameaçar renunciar ao cargo.
Arafat arrependido
Arafat, reconheceu pela primeira vez ter cometido erros na cúpula de Camp David (julho de 2000),
patrocinada pelo ex-presidente
dos EUA Bill Clinton, que visava
um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
"Nós cometemos erros, mas
continuamos as negociações
[com o então premiê israelense,
Ehud Barak", em Sharm el Sheik e
Taba (Egito) e Paris. Em Taba, estivemos muito perto [da paz"",
disse Arafat ao diário israelense
"Haaretz". O líder palestino já havia admitido ao mesmo jornal
que hoje aceitaria o plano de paz
proposto por Clinton.
Para Arafat, a visita de Ariel
Sharon -que viria a se eleger
premiê após o fracasso das negociações- à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, desencadeando a Intifada palestina (levante contra a ocupação israelense), alterou todo o cenário.
Israel, por sua vez, sempre argumentou que Arafat era o responsável pela eclosão da Intifada por não ter aceito as ofertas de paz de
Camp David e de Taba.
Com agências internacionais
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