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Israel convoca 4.000 reservistas; ações matam três palestinos
Arafat admite erro em Camp David
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Iasser Arafat,
reconheceu pela primeira vez ter
cometido erros na cúpula de
Camp David (julho de 2000), patrocinada pelo ex-presidente dos
EUA Bill Clinton, que visava um
acordo de paz israelo-palestino.
"Nós cometemos erros, mas
continuamos as negociações
[com o então premiê israelense,
Ehud Barak", em Sharm el Sheik e
Taba (Egito) e Paris. Em Taba, estivemos muito perto [da paz"",
disse Arafat ao diário israelense
"Haaretz". O líder palestino já havia admitido ao mesmo jornal
que hoje aceitaria o plano de paz
proposto por Clinton.
Para Arafat, a visita de Ariel
Sharon -que viria a se eleger
premiê após o fracasso das negociações- à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, desencadeando a Intifada palestina (levante contra a ocupação israelense), alterou todo o cenário.
Israel, por sua vez, sempre argumentou que Arafat era o responsável pela eclosão da Intifada por
não ter aceito as ofertas de paz de
Camp David e de Taba.
Reservistas
O Exército de Israel convocou
mais 4.000 reservistas ontem para
a operação militar que está sendo
realizada na Cisjordânia. Para
Arafat, o governo de Sharon pretende controlar "todos os aspectos da vida palestina".
Os israelenses negam estar dispostos a serem responsáveis pelos
serviços municipais, educação,
emissão de certidões, coleta de lixo entre outras tarefas a cargo da
ANP desde 1994, quando começaram a ser implementados os acordos de paz de Oslo.
Por outro lado, segundo o secretário de gabinete de Israel, Gideon
Saar, o governo de Sharon está
analisando a possibilidade de deportar famílias de palestinos que
tenham cometido atentados suicidas, desde que haja respaldo jurídico para uma ação desse porte.
Ontem Israel entrou novamente
em Qalqilya e justificou a convocação de reservistas afirmando
que a operação nos territórios palestinos deve ser ampliada. Cerca
de 1.200 reservistas já haviam sido
convocados anteriormente. As
ações são uma resposta aos três
atentados palestinos na semana
passada, que deixaram 31 mortos.
Os residentes de Qalqilya e das
cidades palestinas de Nablus, Jenin, Tulkarem, Belém e Beitunia
(nos arredores de Ramallah), todas na Cisjordânia, estão sob toque de recolher e têm apenas algumas horas por dia para sair às
ruas e comprar mantimentos.
Em Nablus, dois policiais palestinos foram mortos por forças israelenses. Outro palestino foi
morto em Tulkarem por disparos
de um tanque.
De acordo com Sharon, "as forças israelenses estão nos territórios palestinos com a seguinte missão: defender a segurança dos cidadãos de Israel".
Para Arafat, "está claro que os
israelenses querem permanecer
indefinidamente nas áreas palestinas". Raanan Gissin, porta-voz
de Sharon, diz que não há intenção de retomar a administração
política das áreas palestinas.
A operação que está sendo realizada agora tem escala menor do
que a "Muro Protetor", que ocorreu entre o fim de março e o início
de maio. Desta vez, porém, Israel ameaça permanecer nas "áreas palestinas enquanto o terror persistir". Effi Eitam, um dos ministro mais radicais do gabinete de Sharon, afirmou que a ocupação deve "durar muitos meses".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres,
ameaçou renunciar ao seu cargo em reunião do gabinete ministerial de Israel, que aprovou ontem a construção de uma cerca que separa parte da Cisjordânia de Israel e visa impedir a entrada de suicidas que queiram cometer atentados em território israelense. As obras já haviam iniciado na semana passada.
Peres disse que parte dos territórios palestinos seriam anexadas, segundo mapa apresentado por Sharon, causando danos diplomáticos a Israel.
Com agências internacionais
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