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SAIBA MAIS
Decisão mantém antigas dúvidas sobre o sistema
DE NOVA YORK
A decisão da Suprema Corte
joga os EUA de novo em meio a
dúvidas que haviam sido levantadas pelo mais conhecido
caso de ação afirmativa do país,
sobre o qual a corte se debruçou em 1978. Aquela disputa
dividiu os juízes da Suprema
Corte de forma semelhante à
de ontem. Ao final, a discussão,
inacabada, ficou sendo sobre
como fazer para colocar em
prática programas de ação afirmativa sem que eles tenham
sua legalidade questionada.
A decisão de 1978 acabou
tendo um ruído semelhante ao
de agora. Por um lado, o tribunal considerou ilegal o sistema
adotado pela escola médica da
Universidade da Califórnia,
que reservava vagas a alunos de
minorias. Em outras palavras,
acabou ali o sistema de cotas.
Ao mesmo tempo, o tribunal
disse que não havia problema
em assumir o objetivo de diversificar o corpo de alunos.
As duas votações foram por 5
a 4. Apenas um juiz, Lewis Powell, esteve nos dois grupos vitoriosos, e sua opinião moldou
a política racial do país desde
então -suas declarações naquele julgamento foram citadas na argumentação que embasou a decisão dos juízes no
caso de Michigan, ontem.
"A opinião de Powell baseou-se no testemunho de educadores, que apontaram o interesse
da universidade na diversidade. O que se desenvolveu desde
a decisão, especialmente nos
últimos anos, é um campo de
pesquisa sobre os benefícios da
diversidade", diz Angelo Ancheta, pesquisador de Harvard
que estudou o caso de 1978.
Esse novo flanco foi usado no
julgamento de ontem e apareceu na argumentação da juíza
Sandra O'Connor. Nem isso,
porém, é tão assertivo assim
para quem analisa o caso.
"A ciência social diz que não
há benefícios [da ação afirmativa sobre a educação]. Michigan
mesmo tem estudos que demonstram isso, mas eles não
divulgam", diz John Forte, do
Hudson Institute.
Outra porta que segue aberta
em relação à decisão de ontem
é a que diz respeito à evolução
social de minorias nos EUA
-algo que pode derrubar o
apoio legal à ação afirmativa no
futuro. O'Connor, por exemplo, escreveu: "Esperamos que,
daqui a 25 anos, o uso de preferências raciais não seja mais
necessário".
Ganhou a concordância do
presidente George W. Bush,
que se opôs formalmente às
práticas de Michigan. "Assim
como a corte, espero pelo dia
em que a América seja uma sociedade realmente cega à cor da
pele", disse.
(RD)
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